Esposa de Leonardo contou que levou um garoto da Bahia sem falar com os pais para viver em Goiânia e, após dois meses, o colocou em um voo de volta
Por Bianca Lucca via Correio Braziliense
Uma fala de Poliana Rocha durante participação no programa Sensacional, de Daniela Albuquerque, exibido na RedeTV! em 15 de setembro, acabou viralizando nas redes sociais e gerando indignação.
A esposa do cantor Leonardo relatou que chegou a levar para a casa dela, em Goiânia (GO), um adolescente que conheceu em Ilhéus (BA), sem sequer entrar em contato com a família do garoto. Segundo ela, o jovem viveu na casa dela por cerca de dois meses.
Durante a entrevista, Daniela questionou se Poliana havia pedido permissão à família antes de levá-lo. Em resposta, ela admitiu que nunca procurou os pais do menino. O episódio teria ocorrido em uma viagem da família à Bahia, quando Zé Felipe tinha apenas dez anos. O adolescente, que vendia chinelos na rua, se aproximou do cantor e de Poliana. Aos poucos, tornou-se próximo de Zé Felipe, passando as férias jogando bola com ele.
“No dia de ir embora, o Leonardo falou: ‘Você quer conhecer Goiânia, entrar no avião?’. Aí ele falou: ‘Quero’ e o Leonardo: ‘Então bora’”, relatou Poliana. “Eu achei que era brincadeira, mas o Leonardo falou: ‘Nós vamos levar ele sim, porque ele vai brincar com o Zé.’”
Na sequência, Daniela questionou: “Mas e a mãe dele?”. No que Poliana respondeu: “Ele falou que depois ligava para a ‘mainha’. Só que aí ele começou a me chamar de mainha. E aquilo foi me incomodando.”
“Mas ele nem ligou para a mãe?”, insistiu a apresentadora. “Deve ter ligado, não fiquei sabendo e nem perguntei”, respondeu Poliana.
Com o tempo, a convivência deixou de agradar. “Só que ele, em vez de jogar bola com o Zé Felipe, começou a querer ficar no sofá com o pé para cima. Ele não estava mais jogando bola com o Zé, só queria ficar deitado ouvindo música. Aí eu falei: ‘Vou ter que devolver.’”
Poliana contou ainda que, antes de enviá-lo de volta a Ilhéus, levou o garoto ao cabeleireiro, comprou roupas novas e o colocou em um voo com dinheiro no bolso. Ela permaneceu pagando pensão para o menino porque, segundo ela, ele já tinha se acostumado com a vida boa.
Confira a entrevista:
Nas redes sociais, o relato gerou revolta. “Isso não caracteriza sequestro?”, questionou uma usuária no X. “Botou um menor de idade num voo sem ter contato com a mãe?”, reagiu outra. “Eles tratando um ser humano como se fosse um brinquedo, cansou, deu defeito, joga fora. Cara, sério, é absurdo”, criticou um internauta. Outro completou: “Ela falando como se fosse um pet.”
Conforme Romer de Carvalho Lima e Silva, advogado de direito de família e sucessões, a ação de Poliana não caracteriza sequestro, pois a criança não foi retirada à força de seu local nem foi impedida de retornar à sua casa. “A situação poderia se aproximar mais do que chamamos de “subtração de incapaz”, crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”, define.
“A subtração de incapaz ocorre quando alguém retira uma criança ou adolescente do poder de quem o tem sob guarda legal ou judicial, com o objetivo de colocá-lo em lar substituto ou outro local”, explica Romer.
“Este crime, previsto no Art. 237 do ECA, tem pena de reclusão de dois a seis anos e multa, sendo uma conduta criminalizada por descumprir ordens de guarda e violar a dignidade. Em relação à esfera cível, a família pode requerer indenização por danos morais pelo fato de ter ficado incomunicável com o próprio filho.”
O advogado familiarista Antonio Carlos Marques Fernandes acrescenta que a devolução do menor após dois meses não exime a pessoa da responsabilidade pelo ato praticado. “O pagamento de pensão pode ser visto como tentativa de reparação, mas não anula o crime nem suas consequências civis.A prestação de alimentos voluntária não substitui a necessidade de autorização legal ou judicial para manter o menor sob cuidados”, justifica.
© ClubeFM 2021 - Todos os direitos reservados