Centro-Sul do país enfrenta altas temperaturas e aciona alerta em várias cidades. No Rio, termômetros marcaram 44ºC
Por Vitória Torres* via Correio Braziliense
Desde ontem, o Brasil tem sido impactado por uma nova onda de calor, a terceira deste ano, que atinge os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a onda de calor pode se estender para os estados de Goiás e Bahia. O alerta para altas temperaturas já está em vigor em diversas regiões, com destaque para a cidade de São Paulo, que pode registrar a maior média de temperatura de 2025 até o momento.
No Rio de Janeiro, o calor também é extremo. A prefeitura emitiu um alerta destacando máximas que podem chegar nos próximos dias. O clima quente gerou preocupações. A capital carioca bateu 44°C, recorde de calor em mais de 10 anos, com isso, atingiu o Nível de Calor 4 (NC4), o segundo mais alto do Protocolo de Enfrentamento ao Calor Extremo.
Esse nível é alcançado quando as temperaturas ficam entre 40°C e 44°C por pelo menos três dias consecutivos. Como parte do protocolo, a prefeitura abriu 58 pontos de resfriamento e orientou a população sobre como adaptar suas rotinas para enfrentar as altas temperaturas.
Entre as medidas, estão a recomendação para a hidratação constante e o uso de roupas leves, além de possíveis cancelamentos de eventos em áreas externas. O calor extremo no estado do Rio de Janeiro não está restrito à capital.
No último domingo, a Secretaria Estadual de Saúde emitiu um alerta de “calor extremo” para 17 municípios, abrangendo tanto cidades da Região Metropolitana, como Duque de Caxias, quanto áreas do interior, como São Sebastião do Alto.
Esse alerta foi gerado pelo Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS), com base na análise das temperaturas médias dos últimos três dias em comparação com dados históricos de 10 anos. O cálculo serve para estimar o risco de ondas de calor que podem afetar a saúde pública, exigindo cuidados redobrados da população.
Em São Paulo, a Defesa Civil emitiu um alerta que permanecerá ativo até amanhã. A previsão é de que as temperaturas máximas cheguem a 38°C em várias regiões do estado. A capital paulista pode superar a marca anterior de 33,6°C, registrada em 22 de janeiro, e alcançar os 34°C, o que colocaria este período como o mais quente do ano, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE).
A primeira onda de calor de 2025 aconteceu entre 17 e 23 de janeiro, afetando principalmente o Rio Grande do Sul. Já a segunda, entre 2 e 12 de fevereiro, teve um impacto ainda mais intenso, com o Inmet emitindo um aviso vermelho de grande perigo para o estado gaúcho e partes de Santa Catarina e Paraná.
Em Porto Alegre, a temperatura máxima alcançou 39,3°C. Acima da média De acordo com dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do programa europeu Copernicus e do Met Office, as previsões para 2025 indicam que o Brasil continuará enfrentando temperaturas acima da média.
Além disso, há uma expectativa de mudanças nos padrões de chuva, com índices abaixo do normal em várias regiões, e uma persistência da seca agravada por altas temperaturas e pouca precipitação.
Especialistas afirmam que a causa dessa situação é o aquecimento dos oceanos, que continua com temperaturas mais altas do que o normal. Regiane Ramos, pesquisadora de ondas de calor, explica que os oceanos funcionam como “bolsões” que absorvem o calor, minimizando seu impacto na Terra.
No entanto, com as águas mais aquecidas, elas evaporam mais rapidamente, concentrando mais umidade na atmosfera e resultando em chuvas mais intensas e de curta duração. Esse fenômeno pode contribuir para que eventos climáticos extremos, como secas e chuvas fortes, se intensifiquem ao longo de 2025.
“O aquecimento dos oceanos, ainda com temperaturas acima da média, pode fazer com que eventos extremos continuem ao longo de 2025”, observou.
O meteorologista do Inmet Olívio Bahia alertou para os riscos à saúde causados pelo calor extremo. Ele ressaltou que as temperaturas estão 5°C acima da média para a estação e que esse tipo de fenômeno meteorológico pode durar pelo menos cinco dias consecutivos. “O calor pode trazer problemas à saúde humana e animal e também pode impactar na energia”, destacou Bahia.
O especialista recomendou cuidados especiais com idosos, crianças e animais de estimação, além de evitar exercícios físicos entre 10h e 16h, horários de pico da temperatura. Também é fundamental a hidratação constante e o uso de protetor solar.
Essa onda de calor, que já se apresenta como a mais intensa de 2025 até o momento, exige atenção redobrada de autoridades e da população, que deve seguir as recomendações para minimizar os riscos à saúde e bem -estar durante o período de temperaturas extremas.
Apesar de os modelos climáticos permitirem previsões mais precisas para períodos de até três meses, especialistas permanecem céticos quanto a mudanças que possam reverter esse quadro, alertando que a situação pode se agravar ainda mais.
O ano de 2024 foi um claro indicativo do impacto que as mudanças climáticas já têm sobre o país, e 2025 pode trazer ainda mais. No Brasil, o ano passado foi marcado por extremos climáticos.
O país enfrentou uma densa camada de fumaça, devido aos incêndios florestais, e a pior seca da sua história recente, que ainda persiste em algumas regiões. Além disso, o Rio Grande do Sul sofreu uma tragédia sem precedentes por causa das chuvas intensas. Este período também foi registrado como o mais quente já documentado no país.
*Estagiária sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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