Após 50 anos, o modelo linear será substituído por códigos 2D, como o QR Code
Por Fernanda Strickland via Correio Braziliense
São Paulo — Em 26 de junho de 1974, um pacote de chicletes de tutti frutti foi o primeiro produto escaneado em um caixa de supermercado nos Estados Unidos.
Aquele momento inaugurou a era do código de barras, tecnologia que mudou o comércio global ao permitir filas menores, estoques mais organizados e logística mais eficiente. Cinco décadas depois, esse símbolo do consumo começa a se despedir.
A GS1, entidade internacional que regula o sistema, prevê que até 2027 o modelo linear será substituído por códigos 2D, como o QR Code.
O conceito do código de barras foi criado em 1952 e padronizado em 1973 no formato EAN-13. Cada produto passou a ter um número único, o GTIN (Global Trade Item Number), traduzido em barras lidas nos caixas. Hoje, são mais de 6 bilhões de escaneamentos por dia em todo o mundo. “É o documento de identidade dos produtos, o que permite que eles circulem no mercado global”, explica Laurence Vallana, diretora da SES Imagotag.
Porém, o QR Code pode armazenar até 100 vezes mais dados que o código de barras tradicional e, por isso, amplia significativamente as informações disponíveis ao consumidor. Além de preço e identificação, o código 2D possibilita o acesso imediato à tabela nutricional do produto, à origem de seus ingredientes, às certificações ambientais e de segurança, aos dados de validade e lote, além de direcionar para links com promoções e conteúdos digitais.
O código foi criado em 1994, no Japão, pelo engenheiro Masahiro Hara, da empresa Denso Wave, uma subsidiária da Toyota. A ideia surgiu da necessidade da indústria automotiva de desenvolver um sistema capaz de armazenar mais informações do que o código de barras comum e de ser lido com rapidez em diferentes ângulos.
Inicialmente, o QR Code era usado para rastrear peças em linhas de montagem e logo ganhou aplicações em diversos setores por sua capacidade de armazenar grande volume de dados e ser facilmente escaneado por câmeras digitais. Nos últimos anos, ele ganhou enorme popularidade e se consolidou como uma das ferramentas digitais mais usadas no dia a dia. A tecnologia, que antes era restrita a setores industriais, passou a ser adotada em larga escala no comércio, nos serviços e até por órgãos públicos.
A pandemia de covid-19 acelerou esse processo: menus digitais em restaurantes, pagamentos por aproximação, check-ins de segurança e certificados de vacinação fizeram do QR Code um recurso presente em praticamente todos os setores. Com a disseminação dos smartphones, que permitem a leitura imediata pela câmera, o código se transformou em um elo direto entre produtos, serviços e consumidores, ampliando sua relevância no mercado global. “É uma revolução silenciosa, mas inevitável”, afirma João Carlos de Oliveira, presidente da GS1 Brasil.
Para Pedro Di Martino, gerente de relações institucionais da Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil, a padronização do QR Code é um dos pilares da estratégia da GS1 para a rastreabilidade da cadeia e a disponibilização de informações detalhadas sobre os produtos. “A GS1, que já é responsável pela identificação de itens através do número global de identificação do item (JETIM) e do código de barras linear (código 1D), está trabalhando na evolução para o código 2D, o QR Code Digital Link.”
Segundo Di Martino, “a principal vantagem do QR Code padronizado pela GS1 é permitir que os consumidores, ao usarem seus celulares, tenham acesso direto e padronizado a informações detalhadas sobre o produto.”
Isso significa que, independentemente do produto ou da marca, se o QR Code seguir os padrões da GS1, o consumidor poderá encontrar informações como tabelas nutricionais, normas técnicas e certificações que o produto precisa, dados de conformidade, especialmente relevantes para o programa Conformidade para Todos, e data de validade, o que pode, inclusive, impedir a venda de produtos vencidos no ponto de venda, beneficiando tanto o consumidor quanto o lojista.
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