O relatório encomendado pelo PL sugeria que seria impossível auditar as urnas e identificou falhas que foram refutadas posteriormente pelo TSE
Por Maiara Marinho Via Correio Braziliense
O tenente-brigadeiro Carlos Baptista Júnior, ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB) no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), voltou a afirmar nesta terça-feira (15/7) que o relatório produzido pelo Instituto Voto Legal (IVL) que identificou falhas nas urnas após as eleições de 2022 estava incorreto. O relatório foi encomendado pelo PL.
Após receber o documento em mãos, entregue diretamente por Bolsonaro, Baptista Jr. solicitou a um coronel que fazia parte da equipe de fiscalização do Ministério da Defesa, com expertise na área, que fizesse a revisão dos resultados do material. Segundo o ex-comandante, o coronel, alguns dias depois, informou que havia um erro de programação que levou ao resultado que indicava suposta falha em algumas urnas.
“Isso é um erro, não significa que é uma fraude, o problema é partir de um erro desse aplicativo e chegar à conclusão que existe uma fraude e não tem fraude”, disse Baptista ao presidente do IVL, Carlos Rocha, durante uma ligação telefônica, no dia 14 de novembro de 2022. O relatório sugeria que seria impossível auditar as urnas e identificou falhas que foram refutadas posteriormente pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
As afirmaçoes foram feitas durante audiência hoje de testemunhas do núcleo 4, responsável pelas ações de desinformação na trama golpista, segundo acusa a Procuradoria-Geral da Republica (PGR).
Embora o IVL tenha produzido o relatório, Baptista Jr. disse que em momento algum Rocha mencionou a possibilidade de fraude nas urnas. Durante a ligação “ele só escutou, estava no viva-voz, não sei se os outros comandantes e o ministro da Defesa prestaram atenção, porque era uma conversa muito técnica”.
Ainda durante o telefonema, o brigadeiro informou que expôs sua avaliação a respeito do relatório. “Eu disse que estava mal escrito, inclusive. E eu não me lembro dele contestando qualquer coisa que eu coloquei”, comentou.
O relatório mencionado era um documento preliminar, sem assinatura e com uma série de erros. Ainda assim, um relatório definitivo foi apresentado em uma live realizada no dia 22 de novembro daquele ano. Baptista informou que não teve acesso ao documento final. “Mas eu cheguei a ler a resposta do Tribunal Superior Eleitoral com a avaliação do relatório que foi apresentado. Eram 12 ou 13 páginas.”
“O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recebeu com satisfação o relatório final do Ministério da Defesa, que, assim como todas as demais entidades fiscalizadoras, não apontou a existência de nenhuma fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022”, diz a nota da corte eleitoral, assinada pelo presidente à época, ministro Alexandre de Moraes.
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