Há fatores que podem reduzir a inflação, a depender de negociações com os norte-americanos, avalia Guilherme Mello
Por Raphael Pati Via Correio Braziliense
O secretário de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, considera que os efeitos de uma possível manutenção das tarifas de importação em 50% sobre os produtos brasileiros por parte dos Estados Unidos podem ser menores do que o esperado na inflação brasileira. A depender de uma série de fatores, ele avalia que pode haver deflação (queda de preços) em determinados itens.
“Claro que há uma incerteza e uma fricção no curto prazo, mas também há vetores deflacionários importantes que podem advir dessa inesperada e inexplicável tarifa de 50% que os Estados Unidos impuseram às exportações brasileiras”, disse o secretário, nesta sexta-feira (11/7), durante a coletiva do Boletim Macrofiscal.
Mello citou produtos como carne, café e suco de laranja, que são amplamente exportados para os Estados Unidos, para argumentar que, diante de um aumento das tarifas de importação, poderia haver um aumento de oferta no mercado interno, o que poderia reduzir os preços dentro do país.
“O fato desses produtos, caso mantidas as tarifas, terem maior dificuldade de serem exportados, também podem significar uma maior oferta no mercado doméstico e terem efeitos deflacionários para esses produtos que, nos últimos meses, foram produtos que têm pressionado, por exemplo, a alimentação”, avaliou.
O secretário ainda destacou que o impacto de uma possível manutenção dessas tarifas a partir de 1º de agosto seria menor do que há 20 anos, por exemplo, considerando que houve uma redução da participação dos Estados Unidos nas exportações brasileiras.
“O Brasil diversificou muito a sua pauta exportadora e os seus parceiros comerciais, mas mais do que isso, a característica dos produtos que nós exportamos para os Estados Unidos também permitem uma realocação de mercados mais fácil, por serem, em sua maioria, produtos básicos, que têm demanda nos mais diversos mercados”, argumentou o secretário.
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