Ator da primeira versão de ‘Vale Tudo’ revela que teve medo de apanhar na rua

O remake da novela “Vale Tudo” vai estrear nas telinhas da TV Globo nesta segunda-feira (31), porém, a primeira versão da trama tem sido bastante lembrada nos últimos tempos. Em entrevista ao videocast “Novelão”, do jornal O Globo, o ator Reginaldo Faria relembrou a época em que interpretou o vilão Marco Aurélio, que ficou famoso ao fugir para não ser preso e dar uma “banana” para o Brasil. Segundo o artista, na época, ele chegou a ter medo de apanhar na rua por conta das maldades do personagem corrupto.

Durante a entrevista, Reginaldo Faria falou sobre a icônica cena da “banana” e o receio que sentiu. “Gilberto Braga já tinha planejado a banana com muita maestria. Eu fui só o intérprete. Quando fiz essa novela, foi muito interessante, porque fiquei com medo de ser agredido na rua. Eu me lembrei muito da Miriam Pires, que tinha feito uma personagem má. As pessoas a agrediam. Mas eu saí e, de repente, vi que as pessoas me aplaudiam, gostavam. Fiquei surpreso”, disse ele.

O veterano também refletiu sobre as ações do personagem ao longo da trama. “Tem um outro lado, da raiva que ele tem pelo sistema. O sistema o pisoteou. Será que ele é só mau-caráter dentro desse sistema ou o sistema o ajudou a pensar dessa forma? Essa é uma questão que me pesa muito. O fato de ele ter dado essa banana não significa apenas que ele fosse um indivíduo assim. É aquela coisa: vou ao mercado e preciso comprar para três meses, para segurar minha economia. Você fica com raiva. Aí nasce um componente, de repente, vingativo”, disse ele.

A primeira versão de “Vale Tudo” foi exibida em 1988 e retratava a realidade do país, que, na época, enfrentava uma crise econômica. Reginaldo Faria comparou a icônica vilã Odete Roitman à inflação que assolava o Brasil. “Eu lembro que o grande sucesso da novela convergia em cima da personagem Odete. As pessoas queriam que alguém matasse aquela inflação e queriam saber quem iria matar a inflação. E olha que coisa impressionante: ninguém deixava de ver as novelas. A rua ficava deserta. Todo mundo querendo resolver o problema da Odete. Não seria essa uma forma análoga de verificar o problema político que o país estava vivendo? Era mais ou menos isso que eu sentia”, pontuou Reginaldo Faria.

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