Aos 55 anos, o ator paulistano é lembrado pelos personagens viris que interpretou em novelas e séries de Carlos Lombardi
Por Patrick Selvatti via Correio Braziliense
A analogia do vinho costuma ser clichê, mas é perfeitamente aplicável no caso de Marcos Pasquim. Com 55 anos de idade, o ator de sorrisão largo, voz doce e ao mesmo tempo encorpada melhora com o tempo.
E lá se vão três décadas de carreira desde que ele surgiu pela primeira vez em cena na televisão, em uma rápida aparição no sucesso A viagem, de 1994, emendando, em seguida, seu primeiro papel fixo em novelas em Cara e coroa, produção que está em reprise no Viva.
“Eu comecei bem inexperiente, fui e estudei e, como em todas as profissões, quanto mais o tempo passa e mais você faz, eu fui atuando e aprendendo cada vez mais. Talvez, em algumas profissões, você chegue até um limite que você não tem mais para onde ir, mas, graças a Deus, na minha profissão, existem infinitas versões do ser humano que a gente pode fazer. Um balanço que eu faço desses 30 anos é que eu continuo aprendendo desde que eu comecei e espero que até o final da minha vida”, afirmou Pasquim, em entrevista ao Correio.
Ex-jogador de vôlei e integrante de boy band, Marcos Fábio Prudente gosta de se ver no início da carreira para perceber a evolução. “É bom ver que a gente evolui, né? Eu gosto de ver isso”, reforça ele, que, atualmente, pode ser visto nas séries Desejos S.A, disponível no Star +, série Luz, da Netflix, e Fim, do Globoplay, além do filme Morando com o crush, no Prime Video. Recentemente, ele esteve na Itália gravando Loucos amores líquidos, longa ainda sem previsão de estreia.
Com uma trajetória sólida na TV, no teatro e cinema, o ator paulistano tem diversos trabalhos memoráveis, como as novelas Uga uga, Kubanacan e Pé na jaca e nas séries O Quinto dos Infernos e Guerra e paz — todas disponíveis no Globoplay e frutos de uma parceria bem-sucedida que consolidou com o autor Carlos Lombardi. Nesses trabalhos, Pasquim é lembrado por personagens como Van Damme, Dom Pedro I e Lance, que passavam mais da metade do tempo sem camisa e usando um minúsculo short que realçava seus músculos bem definidos. Alçado como galã e símbolo sexual dos anos 2000, ele, porém, não se queixa. Até porque, por algum desses personagens, como o Esteban de Kubanacan, foi premiado como melhor ator de 2003.
“Na realidade, o estar sempre sem camisa não era que eu queria estar sem camisa; estava escrito, vinha no texto. Como as novelas do Carlos Lombardi se passavam em lugares quentes, os personagens — não era só eu, embora, como protagonista, talvez aparecesse mais sempre tinham pouca roupa”, explica. “Teve um momento, talvez, que ficou desconfortável, mas passou rápido, porque eu não tinha como lutar contra, então, está tudo certo.”
Recentemente, Marcos Pasquim declarou, em uma entrevista ao programa Sabadou com Virgínia, no SBT, que ficou frustrado com o personagem que interpretou na novela Babilônia, de 2015. Previsto na sinopse para ser um ex-atleta de saltos ornamentais gay enrustido, Carlos Alberto acabou tendo a orientação sexual “corrigida” pela censura do sofá. Houve até uma cena em que ele “come com os olhos” o personagem vivido por André Bankoff em uma cena em que o rapagão loiro surge de sunga apertada na piscina, mas não houve continuidade.
O motivo foi a reação do público ao beijo entre um casal lésbico da terceira idade vivido pelas veteranas Fernanda Montenegro e Nathalia Thimberg logo no primeiro capítulo. “A novela tinha tudo para dar certo, mas não deu, porque foi mudado tudo de última hora”, lembrou o pai de Alicia e Stefano, que teria um romance homoafetivo com o personagem de Marcelo Mello Jr e acabou virando par da mocinha vivida por Camila Pitanga e assassinado no final.
À reportagem, o ator — que estreava na faixa nobre da emissora após uma jornada longa às 19h, em que ainda atuou em A lua me disse, de Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa, e Caras & bocas e Morde & assopra, de Walcyr Carrasco — declarou que não se sentiu prejudicado. “Acho que prejudicou a própria novela. Claro que, quando a gente tem a possibilidade de fazer novos personagens, diferentes do que você costuma fazer na televisão, é muito bom. É excelente você poder demonstrar uma versatilidade, obviamente, daí não tivemos, não só eu como muitos atores da novela não tiveram oportunidade de mostrar uma versatilidade”, argumentou.
Pasquim ressalta que, apesar dos problemas, Babilônia foi um trabalho que deixou saudades, pontuando o texto de Gilberto Braga, a direção inovadora de Dênis Carvalho, o reencontro com Adriana Esteves — seu par em pelo menos três novelas anteriores — e o elenco estelar encabeçado por Glória Pires. “Se a novela tivesse ido ao ar da forma que ela tinha sido escrita em princípio, eu acredito que a novela e ia cair no gosto popular porque realmente era uma novela excelente no papel, quando foi escrita”, acrescentou.
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