Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado que investiga as bets quer ouvir cantores sertanejos famosos e também empresários, influenciadores e humoristas. Senadores enfrentam críticas por conta da tietagem em torno de Virgínia Fonseca na semana passada
Por Alícia Bernardes e Wal Lima via Correio Braziliense
Após Virgínia Fonseca e Rico Melquiades, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas Esportivas quer ouvir os cantores sertanejos Gusttavo Lima, conhecido como Embaixador, e Wesley Safadão.
A intenção da comissão é apurar a participação dos grandes nomes da música nacional em campanhas publicitárias de casas de apostas e compreender os possíveis impactos dessas ações sobre o público — especialmente os mais vulneráveis.
Além dos cantores, outros famosos estão na mira da CPI para serem ouvidos na condição de investigados ou testemunhas. Entre eles, a cantora Jojo Todynho, a influenciadora Gkay, o humorista Tirulipa, o influenciador Jon Vlogs, o empresário Kaká Diniz, a influenciadora Pâmela Drudi e a advogada Adélia Soares.
Com a presença de tantos famosos, a CPI também passa a lidar com um desafio adicional: evitar que as sessões se transformem em espetáculos de tietagem, como ocorreu com Virgínia Fonseca na semana passada. Durante a participação da influenciadora, o ambiente informal, com selfies, elogios e até recados para familiares, repercutiu negativamente nas redes sociais.
A repercussão negativa se intensificou com o depoimento do influenciador Felipe Bressanim, o Felca, que revelou como funcionam os acordos entre influenciadores e as plataformas de apostas. “Quando você coloca o cupom do influenciador, 50% do que você perde vai direto para ele”, afirmou Felca, que apontou para um modelo de negócio baseado diretamente na perda dos seguidores — algo que pode configurar prática abusiva e antiética.
No dia seguinte, o influenciador Rico Melquiades também prestou depoimento, mas com um tratamento visivelmente mais rigoroso. Durante a audiência da CPI, ele foi desafiado por senadores a apostar ao vivo e chegou a ganhar R$ 100 com apenas R$ 4, durante a sessão. Na ocasião, ele informou que sentiu um tratamento diferente ao que foi dado à Virgínia Fonseca. “Percebo, sim, um tratamento diferente em relação à Virgínia. Estão me pressionando demais”, disse ele, aparentemente nervoso.
Em resposta, o senador Izalci Lucas (PL-DF) disse: “Não tem nada (de diferente), não. Se ontem tivéssemos esses questionamentos, o tratamento seria o mesmo”, apaziguou. A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) também afirmou não exisitr tratamento diferenciado.
A disparidade de abordagem gerou novas críticas e reforçou o alerta sobre a necessidade de padronizar os procedimentos da CPI, com foco técnico e não emocional ou midiático.
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