Por Luis Fellype Rodrigues* via Correio Braziliense
O objetivo de colocar iluminação pública de LED em 100% do Distrito Federal até 2026 e um investimento de R$ 250 milhões a R$ 300 milhões para essa modernização foram pontos debatidos com o presidente da Companhia Energética de Brasília (CEB), Edison Garcia, no programa CB.Poder — parceria entre Correio e a TV Brasília — de ontem. Às jornalistas Ana Maria Campos e Adriana Bernardes, o gestor comentou ainda sobre a construção de uma usina fotovoltaica no Catetinho.
Vocês estão investindo na geração de energia fotovoltaica. Poderia explicar quais são os projetos em curso e qual o benefício dessa mudança?
É importante dizer que a CEB é uma empresa vocacionada para a geração de energia. Existem várias usinas nas quais a CEB é participante e acionista. Além disso, ela fornece boa parte da energia que é consumida no Distrito Federal.
Desde dezembro do ano passado, contratamos com o DF um projeto de concessão da iluminação pública. A CEB Iluminação Pública (CEB Ipes) foi constituída com o objetivo de ser uma concessionária de iluminação pública por 30 anos.
O governador Ibaneis Rocha (MDB) nos orientou a fazer com que o DF seja 100% iluminado por LED. O objetivo é dar mais segurança à população e melhorar a qualidade da iluminação pública da cidade, além da redução considerável dos gastos de energia.
Essa redução seria de quanto?
Quando trocamos a lâmpada de vapor de sódio, que é essa amarela, por uma de LED, conseguimos reduzir em 50% os gasto de energia. Falando em números, hoje, a conta de energia da iluminação pública no DF por ano, que é puxada pela Contribuição de Iluminação Pública (CIP), é de R$ 209 milhões.
Com o programa de redução de consumo, juntamente com a troca de lâmpadas que iniciamos em 2019 — já trocamos 130 mil lâmpadas no DF —, reduzimos essa conta em cerca de R$ 50 milhões. Isso mostra efetivamente a redução de gasto e temos melhorado muito a qualidade da iluminação.
Hoje, podemos ver grandes vias da cidade com LED, como a descida da Ponte JK e a L4. Após a concessão — iniciamos a operação em abril, depois de um processo de transição —, vamos entrar fortemente no Plano Piloto e em várias regiões administrativas. Nossa meta é ter 100% do DF em LED até 2026.
Algumas pessoas reclamam que pontos do DF ainda estão escuros. Com a conclusão desse projeto, isso vai se resolver?
Sim, não resta dúvida. Hoje, já temos 33% da cidade com iluminação de LED. Por que o projeto da concessão? Porque o saldo da CIP não era suficiente para fazer a troca de iluminação do DF de forma rápida.
São investimentos de R$ 250 milhões a R$ 300 milhões, e como muito da CIP era consumido pagando a conta de energia, pouco sobrava para novos investimentos. Então, qual é o projeto da concessão? A CEB migrou os recursos do próprio superavit e com as receitas produzidas por empresas de geração de energia para o caixa da CEB Ipes, fará esse investimento nestes próximos dois anos.
Com esse investimento, reduzimos drasticamente os gastos com energia. Então, pelo projeto de concessão, em até três anos faremos os investimentos para converter 100% da iluminação do DF em LED.
E em 10 anos, que é o primeiro ciclo da concessão, esse pagamento reembolsará a CEB pelos valores investidos e será usado para a manutenção, além de gerar uma reserva de caixa para uma nova troca. Isto é, a cada 10 anos, 100% da iluminação será substituída, com um acréscimo de 20%, que é a previsão de crescimento vegetativo da cidade.
Como estão os projetos das usinas fotovoltaicas?
Concebemos um projeto que precisa ser financiado. Uma usina de 100 megawatts é uma usina grande. Estamos falando de 120 hectares de placas. Fizemos um acordo com a Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap), que nos indicou uma área no Catetinho, onde vamos colocar a primeira fase dela.
A usina contará com investimentos vultosos: estamos falando de R$ 500 milhões a R$ 550 milhões para a construção. Fomos buscar financiamentos externos com o New Development Bank (NDB) e conseguimos a aprovação no Ministério do Planejamento, no governo federal, porque tem o aval da União e já houve a aprovação na Comissão de Financiamentos Externos (Cofiex).
O último passo do projeto foi a aprovação, na Câmara Legislativa, da lei que autoriza o GDF a oferecer uma contragarantia. Essa usina terá a destinação de gerar energia limpa para prédios do DF e para o governo federal.
Qual é a previsão de ela ficar pronta?
É uma obra de uns dois anos. Contratando em dezembro, como é o cronograma do projeto, vamos licitar a construção. E, à medida que ela for construída, o banco fará os desembolsos.
Nossa previsão é de que em um ano e meio ela já esteja gerando. Isto é, em meados de 2026, nós temos a vontade de que essa usina já esteja gerando energia para o DF.
* Estagiário sob a supervisão de Eduardo Pinho