“As portas continuam abertas — as minhas e as da Globo também —, mas neste momento prefiro assim, quero viver esse tempo no ‘deixa a vida me levar’”, declarou Glória Perez nas redes sociais, nesta sexta-feira (4/4). Ela estava na emissora há 42 anos
Por Patrick Selvatti via Correio Braziliense
Após ter sua sinopse, que havia sido aprovada, ser questionada pela cúpula da Globo, que solicitou mudanças estruturais, Glória Perez anunciou, pelas redes sociais, nesta sexta-feira (4/4), o seu desligamento da emissora, onde estreou há 42 anos.
De acordo com o que foi divulgado anteriormente, a sinopse previa uma protagonista que trabalha no Senado. Aborto também seria um tema polêmico a ser abordado.
“Meu último contrato foi para fazer a novela que entraria depois de Vale Tudo. Sinopse aprovada, capítulos iniciais escritos, a direção considerou que o assunto ‘aborto’ era inadequado para as novas diretrizes que se pretende dar às novelas”, explicou a autora de 76 anos. “Não questiono a decisão, é normal que uma empresa decida de acordo com sua conveniência. Mas, uma vez que o contrato era por obra, considerei que o mais conveniente para mim era não aceitar renovação e fazer a resilição do contrato. Tudo de comum acordo”, afirmou. “As portas continuam abertas — as minhas e as da Globo também —, mas neste momento prefiro assim, quero viver esse tempo no ‘deixa a vida me levar’.”
Na Globo, Glória assinou sucessos com temáticas inovadoras, como Barriga de aluguel (1990) e O clone (2001), e ganhou um Emmy Internacional com Caminho das Índias (2009). A acreana também escreveu as bem-sucedidas Explode coração (1996), América (2005) e A força do querer (2017), seu último grande sucesso.
Saiu também da mente da escritora as novelas Salve Jorge (2012) — sendo criticada pelas situações pouco verossímeis e respondendo que as pessoas tinham que “aprender a voar” — e Travessia (2022) — sua última obra, e seu maior fracasso de audiência e crítica.
Mas Gloria Perez será sempre lembrada por ter criado a novela De corpo e alma que, em 1992, resultou no feminicídio de sua própria filha, Daniella Perez, morta, aos 22 anos, pelo colega de elenco Guilherme de Pádua, em 28 de dezembro daquele ano.
O caso foi relembrado na série documental Pacto Brutal – O Assassinato de Daniella Perez, da Max, que estreou em 2022, com depoimentos fortes de Glória Perez, familiares, amigos e do marido de Daniella na época, Raul Gazolla.
Guilherme de Pádua morreu aos 53 anos, em 6 de novembro do mesmo ano, em Belo Horizonte, vítima de um enfarte.
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