Por Correio Braziliense
Tem coisas (boas) que só acontecem com o Botafogo. Sim, o campeão da Copa Libertadores da América poderia ter encerrado o jejum de 29 anos no Campeonato Brasileiro na última quarta-feira, no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, mas algo mágico parece reservado ao Glorioso, amanhã, a partir das 16h, no último capítulo da Série A.
Em 2015, o Botafogo conquistou o título da Série B do Campeonato Brasileiro em uma arena batizada com o nome do maior ídolo do clube: Mané Garrincha, o Anjo das Pernas Tortas. O time comandado à época pelo técnico Ricardo Gomes derrotou o ABC-RN por 2 x 1, em Brasília, e festejou na principal arena da capital federal. A outra conquista na segunda divisão chegou no estádio Bento Freitas, a casa do Brasil de Pelotas (RS), em 2021.
O mundo deu voltas e o Botafogo pode ser campeão amanhã no estádio com nome de outra lenda alvinegra: Nilton Santos. Curiosamente, a campanha passou pelo Mané Garrinhca no empate com o Grêmio, em setembro. Nove anos depois da conquista no DF, onde o Enciclopédia foi professor em escolinhas de futebol do antigo Defer, o time depende de um pontinho contra o São Paulo para encerrar o jejum na Série A iniciado depois da glória de 1995, assinada por Wagner, Gonçalves, Wilson Gottardo, Túlio Maravilha, Donizete, Sergio Manoel e o técnico Paulo Autuori.
Concessionário do estádio Nilton Santos desde o fim do Pan do Rio-2007, o time profissional de futebol masculino do Botafogo jamais conquistou título na casa arrendada. O histórico não conta troféus de turno como a Taça Guanabara e a Taça Rio. O maior feito na arena tem a assinatura do time feminino.
Em 20 de março de 2021, as Gloriosas derrotaram o Fluminense na decisão do Campeonato Carioca e quebraram o tabu. Os homens ganharam um Brasileiro Sub-20, duas Séries B do Brasileirão, três Cariocas profissionais e três Cariocas Sub-20. Jamais no estádio Nilton Santos.
Encerrar a seca de título na primeira divisão diante da torcida é a última pressão sobre um elenco em paz com a saúde mental. Na Taça Brasil de 1968, o Glorioso conquistou a competição no Maracanã, por 4 x 0, contra o Fortaleza. No último, em 1995, consumou o triunfo diante do Santos no velho Pacaembu, em São Paulo. Quatro anos depois, o time de General Severiano bateu na trave na decisão da Copa do Brasil. O Juventude silenciou o Maracanã em 1999. A torcida amargou o vice.
“Eu não me reduzo muito a locais, espaços, momentos. Quero considerar a possibilidade de o Botafogo ganhar mais um título nacional, essa é a parte principal. O fato de podermos jogar em casa é extraordinário, e vi a alegria dos jogadores”, afirmou o técnico Artur Jorge depois da vitória por 1 x 0 contra o Internacional na quarta.
Uma semana depois de descobrir a América no triunfo por 3 x 1 contra o Atlético-MG no Monumental de Núñez, em Buenos Aires, o Botafogo curte a leveza. Esse tem sido o recado repetido à exaustão por Artur Jorge. “Estamos entusiasmados, a palavra que mais nos define pode ser essa. Entusiasmados com a possibilidade de ganhar um título nacional em nossa casa, diante de toda a nossa torcida. É de fato um enredo que tem tudo para ter um final feliz. Estamos preparados para chegar a esse final e conseguir o que é o nosso grande objetivo, sabendo das dificuldades e que nada está garantido”.
Goleiro reserva, porém um dos jogadores do elenco com mais tempo de casa no Botafogo, o paraguaio Gatito Fernández motiva o plantel para o capítulo final. “Não tenho o que falar desse grupo. Realmente, todo mundo está de parabéns, agora é descansar, vamos pensar no último jogo lá contra o São Paulo, que vai ser na nossa casa, vai estar lotada, e, se Deus quiser, a gente vai fazer um grande jogo, e, por consequência disso, se Deus quiser, conseguir o campeonato”, disse depois do triunfo contra o Internacional.
O Botafogo não contará com três titulares na partida de amanhã. O zagueiro Bastos e o lateral-direito Vitinho estão lesionados. O beque Alexander Barboza cumprirá suspensão. Lucas Halter e Danilo Barbosa disputam a vaga ao lado de Adryelson. Outra dúvida é entre Cuiabano e Alex Telles. Na direita, Mateo Ponte será titular e Rafael pode voltar a ser opção no banco.
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