Nesta quinta-feira (21), um homem identificado como José Maria Vilaça foi preso após se filmar açoitando um morador de rua negro, em Itaúna, centro-oeste de Minas Gerais. Na gravação, o suspeito afirmou que a vítima não queria trabalhar, apenas usar drogas e por isso estava pagando R$10,00 para poder bater nele com o próprio cinto. O preso ainda revelou que a gravação foi feita há cerca de 15 dias e a Polícia Militar confirmou que a prisão do rapaz só aconteceu depois que a gravação viralizou nas redes sociais.
No vídeo, José Maria se apresenta sem falar o nome, mas cita Deus e ainda afirma que “esse ano é Deus me livre” enquanto a vítima aparecia ao fundo, já sem camisa. “Vamos fazer diferente, ele quer usar droga, não quer trabalhar não?”, ele disse enquanto tirava o cinto. Em meio a comentários desconexos, o suspeito chegou a citar a eleição americana, além de Lula e Bolsonaro. “E outra coisa, meus seguidores da internet, isso aqui não é nada, não. Não é pela cor. Bateu, todo mundo é preto, todo mundo é branco, todo mundo é cor de rosa. Isso é para você ver a safadeza, o que o vício gera”, explicou ele. Após isso, o homem deu os R$10,00 ao rapaz e então o agrediu por três vezes.
A vítima foi identificada como Djalma e, de acordo com o suspeito, é dependente químico e no dia da gravação os dois haviam feito uso de drogas. No entanto, a prefeitura de Itaúna negou a informação e ainda revelou que o homem açoitado não é morador de rua, que ele tem casa, família e ainda recebe acompanhamento do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).
O suspeito ainda afirmou que recebeu o consentimento da vítima para agredí-la e que, na verdade, tudo não passou de uma brincadeira. “Eu tava numa resenha. Foi uma brincadeira. O problema foi o vídeo ter viralizado no dia de Zumbi de Palmares. Agora tá essa burocracia toda. Foi uma resenha. Eu vou provar que não passou de uma resenha. Peço desculpas a todos os brasileiros, paraminenses e itaunenses também”, explicou.
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Polícia Civil de Itaúna e um inquérito policial já foi aberto. José Maria Vilaça foi encaminhado à Delegacia de Pará de Minas. “A princípio, o autor é investigado pelos crimes de racismo e tortura, podendo inicialmente a pena pode ser superior a 15 anos, mas outros eventos também podem ser apurados diante da complexidade da investigação”, explicou o delegado Leonardo Moreira Pio. O suspeito ainda pode responder por lesão corporal e intolerância racial, segundo o Maciel Lúcio, que integra a Comissão de Igualdade e Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Divinópolis.
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