Nesta quinta-feira (2), as autoridades do estado do Espírito Santo divulgaram a prisão de três homens de 18 e 19 anos, que abusavam de adolescentes em rituais evangélicos. Conforme as informações reveladas pela polícia, os rapazes, que não tiveram as identidades reveladas, diziam que estavam possuídos e que a única forma não matarem as famílias das vítimas era tendo relações sexuais com elas. A situação aconteceu no município de Cariacica, no Espírito Santo.
De acordo com as autoridades da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) do Espírito Santo, a notícia só foi divulgada depois que o último suspeito foi preso, no domingo (29). Ele acabou confessando o crime. Até o momento, os investigadores já identificaram nove adolescentes que foram vítimas do grupo e outros quatro casos ainda estão sendo apurados.
Segundo as informações divulgadas pela Polícia Civil, os crimes começaram a ser praticados no final do ano de 2023. Os suspeitos passavam a frequentar as igrejas evangélicas da cidade e, embora não fossem pastores, frequentavam grupos de orações, pregações e chegavam a cantar durante os cultos. Tudo isso servia para que eles conseguissem conquistar a confiança das vítimas e também dos pais delas. “Depois que eles conseguiam a confiança da família, eles começavam a fazer grupos de oração só com jovens entre 13 e 18 anos das igrejas. Pelo WhatsApp, eles marcavam os encontros, que não aconteciam nas igrejas, mas na casa de uma adolescente de 17 anos, que também era envolvida nos crimes, e nas casas dos autores”, contou a delegada adjunta da DPCA, Gabriella Zaché.
Com o passar do tempo, um dos homens começou a dizer para os adolescentes que recebia entidades do mal e então passou a obrigá-los a terem relações sexuais. “Os suspeitos ameaçavam as vítimas com facas e pedaços de paus. Eles falavam que estavam possuídos e que isso seria um ritual. Se os adolescentes não tivessem relações sexuais, eles ficariam piores e iriam matar a família das vítimas. Era como se fosse um sacrifício feito pelas vítimas pelo bem deles”, explicou a delegada.
De acordo com as autoridades, além dos abusos sexuais, as vítimas também era obrigadas a outras coisas. “Um deles chegou a dizer que tinha o capeta no corpo. Eles usavam até violência e obrigavam a ter relações sexuais, inclusive ameaçavam as vítimas dizendo que, se eles negassem, matariam os pais e parentes delas. Eles também faziam os adolescentes se cortarem como se fosse um castigo e pediam fotos nuas às vítimas”, contou Zaché.
Segundo os investigadores, os crimes só foram descobertos pelos pais das vítimas em outubro de 2023, quando passaram a notar as mudanças de comportamento dos filhos. Na ocasião, eles acessaram os celulares dos adolescentes e encontraram as mensagens que os suspeitos enviavam nos grupos criados por eles. “Eles ficaram em choque por serem membros da igreja. As vítimas também ficaram em choque e não contavam porque eram ameaçadas o tempo todo. Em outubro passado, seis pais procuraram a delegacia e fizeram a denúncia”, contou a delegada.
De acordo com a Polícia Civil, uma adolescente de 17 anos também estaria envolvida no crime. Ela é namorada de um dos suspeitos e os “rituais” aconteciam na casa da mãe dela, que estava vazia. A jovem também teria começado a ameaçar as vítimas depois que os homens começaram a ser presos. Apesar disso, ela não foi presa porque a justiça não viu motivos para isso.
A Polícia Civil revelou que ao menos três crimes foram identificados nesta história: estupro (com uso de violência para manter relações sexuais), induzimento à automutilação e armazenamento de fotos de adolescentes. De acordo com a delegada-chefe da DPCA, Thais Cruz, as vítimas precisaram ser atendidas pelo setor psicossocial da corporação para receberem tratamento psicológico. “Elas tiveram um dano emocional enorme. Além de serem vítimas de abuso, mexeu com a religião delas também. Por isso reforçamos a importância de denunciar e acreditar nas palavras das vítimas”, explicou.
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