A gente bem sabe que essa história de colocar mulher contra mulher é bem machista, mas tretas entre divas da música sempre existiram, conforme seu tempo. Separamos três das grandes, confira!
Pleno século 21, já deu pra perceber o quão desnecessárias são as tretas de famosas, né? Aliás, o século começou com uma forte pressão sobre cantoras dos Estados Unidos que iniciavam suas carreiras, para que brigassem e expusessem suas diferenças: Britney Spears e Christina Aguillera. Mas aqui vamos falar da música brasileira. Afinal, nossas super divas estão próximas de se reconciliar (e torcemos para que isso ocorra em breve), só que infelizmente outras grandalhonas da música brasileira já estiveram nessa. Confira:
A gente contou tudo sobre a briga entre as duas por aqui. De ruídos envolvendo mostrar uma música pra Cardi B, nos Estados Unidos, gravar e projetar as duas a uma treta por causa da autoria de Onda Diferente, que é um feat das duas com Snoop Dog, são quase dois anos e meio de uma treta que precisa – e merece – acabar.
LEIA AQUI tudo sobre a treta e o nosso maior desejo: PAZ NO REINO DAS DIVAS!
Essa treta foi outra das grandonas, que era beem mais estilo fandom bases brigando do que as cantoras em si. Nas décadas de 1960 e 1970, elas eram como Anitta e Lud, só que cantando MPB. Elis era figura bastante polêmica e não se esquivava de entrar na briga que fosse para defender suas convicções, seja ir a passeatas contra a guitarra elétrica a chamar de “gorilas” os ditadores brasileiros (e dizem que só não foi presa por isso porque era beeem famosona). Já Bethânia era, e é, beeem mais estilo “tô de boas”. Tanto que até declarou que admirava Elis, em 1960, quando regravou Romaria (“sou caipira pirapora / Nossa Senhora de Aparecida”), que primeiro ficou famosa na voz da Pimentinha (como era chamada Elis).
Elis Regina era só técnica e, na maior parte das vezes, fria; Maria Bethânia é emoção pura. Das três grandes cantoras brasileiras, que são Elis Regina, Maria Bethânia e Gal Costa, eu sou a que faz o equilíbrio entre estes dois extremos”
Gal Costa, à Istoé Gente, em 1999
Gal, que era parceira de Bethânia naquela mesma época, porém, era a cantora favorita de Elis.
A treta, infelizmente, não teve fim. Elis morreu em 19 de janeiro de 1982, deixando três filhos, todos “da música”: o produtor João Marcelo Bôscoli, a cantora Maria Rita e o cantor Pedro Mariano. Bethânia foi chamada a comentar sobre a morte da ex-rival aos 36 anos:
Uma pena que não deu tempo de as coisas virarem. Podia ter rolado que nem aconteceu com Rita Lee, que nesta entrevista à Astrid Fontenelle, conta que a princípio tinha medo de Elis, sempre brava em seu rolê (e anti-guitarras), até o dia em que soube que Rita foi presa, grávida. Elis entrou no modo virada no Jiraia e foi bater na porta da delegacia, deu um bafão, e só aceitou parar com o furdúncio quando tivesse a chance de ver Rita. Foi ali que nasceu uma linda amizade, que resultou na canção “Doce de Pimenta”.
Tá pensando que fandom só dá trabalho hoje em dia, é? Pois vá consultar sua avó ou até seus bisos: lá nas décadas de 1940 e 1950 já eram eles que diziam se a diva do rádio eram a cantora Marlene ou a cantora Emilinha Borba. Tá pensando que é de hoje que a capacidade do mercado publicitário em resolver conflitos é que dá o tom das tretas? Pois então cola nessa história…
O rádio foi o primeiro meio de comunicação de massa do país, que tá completando 100 anos firme e forte neste 2022. Daí que ali no final dos anos 40, a toda poderosa das emissoras era a Rádio Nacional, que tinha em seu cast as cantoras já citadas e mais um montão de outras, além de atores e atrizes (ou você pensa que séries e novelas só são possíveis se houver internet envolvida?). Daí se hoje está claro quem são a Rainha da Favela (Ludmilla), a Rainha da Sofrência (Marília Mendonça) e a Rainha dos Baixinhos (Xuxa), o diretor da rádio queria saber qual delas seria a Rainha da Rádio Nacional, em 1949.
Iiih… Os fandons ficaram doidões, saíram arrecadando votos (porque era voto popular) e isso significava dinheiro, porque o objetivo do concurso era arrecadar fundos para um hospital.
E é aí é que entra a publi.
Quem fazia publi pra Antarctica? Marlene. E qual foi o jogo da fábrica de bebidas? Deu pra Marlene um cheque em branco. Cada voto custava um cruzeiro, então a “medição” dos votos seria por total arrecadado. E o cheque em branco significava que a Antarctica cobriria o que Emilinha arrecadasse, pra fazer de Marlene a campeã do concurso.
Êh, mas isso deixou os fãs da Emilinha tão, mas tão pistolas, que começaram uma cruzada pra fazer justiça. Emilinha venceu o concurso em 1953.
Quanto às duas? Bom, as duas… Meio que… Reinaram absolutas sobre o rádio por anos… Reinaram ao lado de Ângela Maria, como neste clipe:
Emilinha Borba morreu em 2005, aos 82 anos. Marlene, em 2014, aos 91.
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