Reunião secreta de cardeais começa na quarta-feira (7) e segue rituais centenários sob forte isolamento e vigilância
Por Maria Luíza Amorim Mendes via EM
O termo vem do latim cum clavis (“trancado com chave”) e descreve com precisão o confinamento imposto aos cardeais. Desde o Concílio de Lyon II, em 1274, eles se reúnem em sigilo absoluto para evitar interferências externas.
O conclave, em essência, é uma reunião fechada, restrita a participantes específicos. Fora da Igreja, o termo raramente é usado. Dentro do Vaticano, ele se refere exclusivamente à eleição do novo papa.
O próximo conclave começará dia 7 de maio. Participarão 135 cardeais com menos de 80 anos, limite de idade para votar. Eles se reunirão dentro da Cidade do Vaticano, que será formalmente fechada ao mundo exterior e declarada “zona de conclave”.
Antes do isolamento, todos os cardeais, incluindo os acima de 80 anos, se encontram para as chamadas congregações gerais. Nesses encontros, debatem a situação da Igreja e traçam o perfil desejado para o próximo pontífice.
A votação ocorrerá na Capela Sistina, local onde também funciona o sistema de sinalização por fumaça. Durante o processo, os cardeais não terão acesso a celulares, computadores ou redes sociais. Qualquer tentativa de comunicação externa será proibida.
No início do conclave, todos os participantes, inclusive funcionários que prestam apoio, juram sigilo absoluto. Quem quebrar o pacto enfrenta excomunhão automática.
A cerimônia começa com uma missa votiva. Em seguida, os cardeais seguem em procissão até a Capela Sistina entoando o cântico “Veni Creator”, pedindo a inspiração do Espírito Santo. Ao chegarem, o mestre de cerimônias proclama “Extra omnes!” (“Fora todos!”) e fecha as portas sob proteção da Guarda Suíça.
Para vencer, um cardeal precisa de pelo menos dois terços dos votos. Não há abstenções nem votos em si próprio. Os cardeais votam em segredo até alcançarem um nome com apoio suficiente.
As sessões ocorrem duas vezes por dia, de manhã e à tarde. Após cada rodada, as cédulas são queimadas. A fumaça preta sinaliza indefinição; a branca, a escolha do novo papa. Quando a fumaça branca surge, os sinos da Basílica de São Pedro tocam, confirmando a notícia para o mundo.
Se após três dias ninguém alcançar a maioria, os cardeais param por 24 horas para orar, conversar e refletir. Se mais sete votações fracassarem, outra pausa ocorre.
© ClubeFM 2021 - Todos os direitos reservados