Nesta sexta-feira (11), veio à tona a história dos seis pacientes que foram infectados pelo vírus do HIV após receberem órgãos para o transplante. A situação aconteceu no Rio de Janeiro e foi divulgada em primeira mão pela rádio BandNews FM. A Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) confirmou a informação e chamou o ocorrido de “sem precedentes”. O caso está sendo investigado pelo Ministério da Saúde, Ministério Público do RJ (MPRJ), Polícia Civil e Conselho Regional de Medicina (Cremerj).
Conforme as informações divulgadas, os seis pacientes estavam na fila da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro aguardando serem chamados para a cirurgia e inicialmente testaram negativo para o HIV. No entanto, após receberem órgãos vindos de dois pacientes diferentes, passaram testar positivo para o vírus.
De acordo com o governo do estado, o erro teria acontecido em dois exames feitos pelo PCS Lab Saleme, laboratório privado situado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A empresa foi contratada pela SES-RJ em dezembro do último ano, durante um processo de licitação emergencial no valor de R$11 milhões, com o objetivo de realizar a sorologia nos órgãos doados antes de chegarem aos pacientes que estão nas filas. A ANVISA ainda teria descoberto que o local não possui kits para que os exames de sangue sejam feitos, além de não ter apresentado qualquer comprovante de compras dos itens. Desta forma, a principal suspeita é que os testes não tenham sido realizados e que os resultados foram forjados.
Segundo o site g1, a situação só veio à tona no último dia 10 de setembro deste ano, quando um paciente que recebeu um órgão transplantado chegou ao hospital com alguns síntomas neurológicos e logo recebeu o diagnóstico positivo para HIV, vírus que ele antes não tinha no organismo. Ele recebeu o coração de um doador no final de janeiro de 2024.
Quando as autoridades começaram a investigar a história, teriam descoberto dois exames feitos pelo laboratório PCS Lab Saleme em 23 de janeiro. Na ocasião, foram doados rins, o fígado, o coração e a córnea e, de acordo com a análise feita pelo laboratório, nenhum testava reagente para o HIV. No entanto, A SES-RJ fez uma nova análise nas amostras dos órgãos doados e confirmou sim a presença do vírus.
Durante todo o tempo, a Secretaria de Saúde começou a rastrear os pacientes transplantados e identificou que cada uma das pessoas que recebeu um rim do doador foi infectada pelo vírus. Já a pessoa que recebeu o fígado morreu pouco tempo após o transplante, mas o óbito não teve nenhuma relação com o HIV. E, por fim, o único que não testou positivo foi o indivíduo que recebeu a córnea, pois o órgão não é vascularizado.
A investigação também conseguiu identificar mais um paciente receptor de órgão transplantado que testou positivo para o vírus. No último dia 3 de outubro, uma pessoa apresentou sintomas neurológicos e o exame confirmou a presença do HIV na organismo, embora ela não apresentasse a doença antes da cirurgia. Ao compararem as amostras, a pasta encontrou um segundo exame que apresentou um falso negativo, desta vez o de uma doadora, que ocorreu no dia 25 de maio de 2024.
A instituição responsável por organizar a fila dos transplantes comentou o ocorrido. “ “A Secretaria de Estado de Saúde (SES) considera o caso inadmissível. Uma comissão multidisciplinar foi criada para acolher os pacientes afetados e, imediatamente, foram tomadas medidas para garantir a segurança dos transplantados. O laboratório privado, contratado por licitação pela Fundação Saúde para atender o programa de transplantes, teve o serviço suspenso logo após a ciência do caso e foi interditado cautelarmente. Com isso, os exames passaram a ser realizados pelo Hemorio. […] Esta é uma situação sem precedentes. O serviço de transplantes no Estado do Rio de Janeiro sempre realizou um trabalho de excelência e, desde 2006, salvou as vidas de mais de 16 mil pessoas”, declarou.
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