Saiba o que significam expressões como “impávido colosso” e “lábaro estrelado”.
Por Maria Dulce Miranda via EM
Neste 7 de setembro, quando o Brasil relembra a Independência proclamada em 1822, um dos símbolos mais presentes nas comemorações é o Hino Nacional. Conhecido por sua melodia marcante, ele também chama a atenção pela letra cheia de expressões pouco usadas hoje em dia e pela ordem incomum das frases.
A música foi composta em 1822 por Francisco Manuel da Silva. Já a letra veio quase um século depois, escrita pelo poeta Osório Duque Estrada em 1909 e oficializada em 1922, no governo de Epitácio Pessoa. Desde então, acompanha cerimônias oficiais, eventos esportivos e momentos cívicos no país.
Mas, afinal, o que significam trechos como “impávido colosso”, “lábaro estrelado” ou “raios fúlgidos”? No livro “Para compreender o Hino e os Símbolos Nacionais”, a professora Margarida Patriota faz uma verdadeira tradução da letra.
“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas / De um povo heroico o brado retumbante, / E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, / Brilhou no céu da Pátria nesse instante.”
Esse trecho relembra o 7 de setembro de 1822. As margens tranquilas do rio Ipiranga, em São Paulo, ouviram o grito da Independência proclamado por Dom Pedro I. O “sol da liberdade” simboliza o nascimento de uma nação livre.
“Se o penhor dessa igualdade / Conseguimos conquistar com braço forte, / Em teu seio, ó Liberdade, / Desafia o nosso peito a própria morte!”
O poeta celebra a conquista da igualdade política com Portugal. Agora que o Brasil é independente, a liberdade passa a ser um valor pelo qual os brasileiros estariam dispostos a lutar até a morte.
“Ó Pátria amada, / Idolatrada, / Salve! Salve!”
Aqui, o hino se transforma em uma declaração de amor ao Brasil: “Ó Pátria amada, eu te saúdo, eu te celebro”.
“Brasil, um sonho intenso, um raio vívido / De amor e de esperança à Terra desce, / Se em teu formoso céu, risonho e límpido / A imagem do Cruzeiro resplandece.”
O país é descrito como fonte de esperança e amor. A constelação Cruzeiro do Sul, que aparece no céu brasileiro, reforça o sentimento de identidade nacional.
“Gigante pela própria natureza, / És belo, és forte, impávido colosso, / E o teu futuro espelha essa grandeza.”
O Brasil é chamado de gigante pela extensão de seu território e pela riqueza natural. Além de belo e forte, o país carrega a promessa de um futuro grandioso.
“Terra adorada / Entre outras mil, / És tu, Brasil, / Ó Pátria amada! / Dos filhos deste solo és mãe gentil, / Pátria amada, Brasil!”
A pátria é vista como uma mãe acolhedora, amada por seus filhos brasileiros.
“Deitado eternamente em berço esplêndido, / Ao som do mar e à luz do céu profundo, / Fulguras, ó Brasil, florão da América, / Iluminado ao sol do Novo Mundo!”
O poeta ressalta a posição privilegiada do Brasil no continente: banhado pelo Atlântico, ligado à América do Sul e iluminado pelo sol tropical, o país brilha como um “florão da América”.
“Do que a terra mais garrida / Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; / ‘Nossos bosques têm mais vida’, / ‘Nossa vida’ no teu seio ‘mais amores’.”
Aqui, o Brasil é comparado às terras mais belas do mundo. Seus campos são mais floridos e seus bosques mais vivos, retomando versos do poema “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias.
“Brasil, de amor eterno seja símbolo / O lábaro que ostentas estrelado, / E diga o verde-louro desta flâmula / Paz no futuro e glória no passado.”
A bandeira nacional é apresentada como símbolo de amor eterno. As cores verde e amarela representam a esperança de um futuro de paz e a lembrança de um passado glorioso.
“Mas, se ergues da justiça a clava forte, / Verás que um filho teu não foge à luta, / Nem teme, quem te adora, a própria morte.”
Por fim, o hino ressalta o compromisso do povo com a justiça. Se for preciso, os brasileiros não recuam diante da luta, nem mesmo diante da morte, em defesa de sua pátria.
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