A graduação é um projeto da Reitoria, que planeja uma reforma administrativa, educacional e de infraestrutura para integração da inteligência artificial na instituição
Por Artur Maldaner* via Correio Braziliense
A Universidade de Brasília (UnB) vai abrir o curso de bacharelado em inteligência articial (IA) em meio ao processo de modernização da instituição. A informação foi confirmada ao Correio pelo vice-reitor, professor Márcio Muniz.
Já foi dado o pontapé para a implementação do curso, por meio da Comissão de Políticas de Inteligência Artificial e Supercomputação, que terá o objetivo de estabelecer as políticas de integração de IA na universidade.
O início das aulas do curso de IA estão previstas para o primeiro semestre de 2026, e os matriculados terão acesso a um currículo flexível, que permitirá que o aluno graduado ingresse como profissional em qualquer área de trabalho, explica o diretor do Instituto de Ciências Exatas da UnB, Ricardo Ruviaro.
O vice-reitor disse que o processo de criação do projeto político-pedagógico (PPP) da graduação em IA foi iniciado, e houve uma primeira reunião no Instituto de de Ciências Exatas, que juntou vários especialistas para a criação de uma PPP condizente com os cursos que existem no mercado, tanto no exterior quanto no Brasil. “Estamos tentando fazer uma proposta de curso que seja inovadora e aproveite o máximo de capacidade instalada na UnB”, disse Márcio. De acordo com o vice-reitor, foi entregue uma primeira versão desse documento, que aborda as possíveis disciplinas do novo curso e está em análise por outras faculdades e departamentos da UnB.
O uso da inteligência artificial na UnB não é novidade, desde novembro de 2024 a universidade dispõe do Centro Integrado de Pesquisa em Inteligência Artificial (CenIA), uma parceria entre os institutos de ciências exatas, tecnologia e economia, além do Câmpus UnB Gama, criado para integrar os laboratórios e pesquisadores de IA das diversas áreas da universidade. Mas, de acordo com o vice-reitor da UnB, o centro era uma junção de esforços individuais e o objetivo da reitoria é de institucionalizar a pesquisa de IA na UnB. A demanda foi cumprida por meio da criação do Comitê de Inteligência Artificial e Supercomputação.
Uma das preocupações do comitê é preparar a estrutura da universidade para o novo volume de pesquisas em inteligência artificial, que exige supercomputadores com capacidade operacional elevada. Com o receio da dispersão dos investimentos, a Vice-Reitoria optou por centralizar o financiamento de infraestrutura na Secretaria de Tecnologia de Informação. “É um prédio na UnB que concentra as ações de tecnologia de informação da universidade e tem uma sala forte muito bem montada, onde estão os principais computadores de alto desempenho e os técnicos responsáveis pela manutenção”, diz o vice-reitor
O comitê também tem a missão de dar continuidade às ações do CenIA, buscando editais e oportunidades de financiamento para integração das pesquisas de IA realizadas dentro da UnB. Márcio Muniz conta que o comitê realizou chamadas internas, voltadas aos pesquisadores parceiros do CenIA: uma delas para selecionar os projetos que poderiam entrar no edital de cooperação do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), e outra para escolher os projetos mais promissores do ponto de vista educacional, com o intuito de serem financiados pela própria gestão da universidade
Segundo o professor Márcio Muniz, o comitê de IA e supercomputação está preparando um projeto de literacia (letramento) digital para a gestão da UnB. O grupo está buscando e preparando cursos para treinar funcionários de diversas categorias: “O objetivo é que todo mundo saiba o que é IA, o que ela pode fazer, o que não pode fazer, e, dentro do seu ambiente de trabalho específico, buscar as ações para o uso de IA”. Márcio defende que os mais beneficiados devem ser os profissionais dos decanatos administrativos, que lidam com grandes quantidades de processos, que podem ser automatizadas utilizando a ferramenta. “Nós visamos a uma gestão mais eficiente usando a IA, que é uma ferramenta baseada em dados.”
O plano da reitoria é que a criação da nova graduação em IA seja acompanhada pela oferta de novas disciplinas específicas sobre inteligência artificial, que também poderão ser aproveitadas por alunos de outros cursos. O professor Ricardo Ruviaro cita possíveis matérias, como fundamentos de aprendizagem como reforço e inteligência artificial generativa como componentes que devem integrar a ementa do curso.
* Estagiário sob a supervisão de Ana Sá
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