Na noite do último sábado (2/8), o papa Leão XVI, uma das maiores razões da peregrinação de milhares de jovens do mundo ao Vaticano, realizou a abertura da vigília de fiéis entre 18 e 35 anos de idade
Por Ronayre Nunes via Correio Braziliense
Roma — A oportunidade aparece a cada 25 anos, quando se torna possível materializar a tão esperada ida a Roma, para testemunhar o ponto culminante do Jubileu da Esperança.
Na noite de ontem, o papa Leão XVI, uma das maiores razões da peregrinação de milhares de jovens do mundo ao Vaticano, realizou a abertura da vigília dos fiéis.
Nos arredores da capital italiana, o pontífice reuniu-se a milhares de jovens peregrinos, entre 18 e 35 anos de idade, naturais de 146 países, para o momento de maior destaque do Jubileu.
Iniciado em 24 de dezembro e marcado para terminar em 6 de janeiro de 2026, é o chamado “Ano Santo” da Igreja Católica.
O relógio passava das 20h na Itália (15h pelo horário de Brasília) e o Sol se punha no horizonte quando o papa subiu ao altar carregando uma cruz. Leão XIV respondeu a uma série de perguntas dos jovens fiéis e falou sobre a importância das relações humanas, sobre como lidar com o medo do futuro, além dos cuidados com as redes sociais. Até os riscos dos algoritmos foram citados. O Bispo de Roma conectou-se com temas próximos aos mais jovens. “No coração de cada pessoa vive não só a expectativa, mas a certeza de coisas boas”, ponderou o pontífice.
Engana-se, contudo, quem resume o evento a apenas esse momento. O que se observa nas ruas da cidade é o espírito da religião expresso em canções e orações. É a noção, além disso, de que o catolicismo, apesar da história milenar, segue vivo.
O mais importante, contudo, é a passagem das crenças para as próximas gerações. Os jovens que passam pela Cidade do Vaticano equilibram nas mãos os celulares para atualizar as redes sociais, mas o aparelho também é usado para leituras bíblicas. Na ponta dos dedos, estão os terços. Para muitos uma junção que parecia improvável é o retrato deste Jubileu da Esperança 2025.
Uma rápida olhada no dicionário — ou até mesmo uma busca no Google — traz uma definição objetiva para “peregrinar”: “fazer uma jornada por terras santas”. Na prática, o ato de peregrinar é bem mais complexo do que sugere a teoria. Milhares de católicos de todo o mundo estão aprendendo essa lição na pele durante uma rotina incansável ao longo desta semana no Vaticano. A Igreja celebra o Jubileu da Esperança 2025 em uma odisseia de emoção, fé, gratidão e muita caminhada.
O dia começa cedo. A recomendação é tomar um café da manhã reforçado — afinal, o dia será longo e sem horário certo para o almoço (ou sequer a certeza de existência dele). A peregrinação passa por basílicas históricas de Roma, proporcionando uma conexão profunda com a fé.
Em alguns dias, chegam a ser 12 horas seguidas de caminhada sob o sol escaldante do verão europeu, enfrentando filas quilométricas, fome e sede. Mas engana-se quem pensa que a jornada é feita de má vontade — muito pelo contrário.
“Eu tenho encarado de uma forma bem tranquila, sem nenhuma hipocrisia, porque o preço de estar aqui, a experiência, é bem maior do que a fome ou o cansaço. E eu sou do Brasil. O sol de Brasília é bem forte nessa época, então, estou acostumada. A fome e a sede, a gente encara numa boa também”, brinca a assistente administrativa Giovanna Laura Dantas, 22 anos.
Apesar da exaustão, o esforço não se traduz em desânimo. Pelo contrário: rodas de dança e canto tomam conta das ruas de Roma, reunindo jovens do mundo inteiro em celebração. “A experiência que eu tenho vivido com essa peregrinação é indescritível. É o meu sonho de criança estar aqui em Roma, conhecer e contemplar o cerne da minha fé”, conclui Giovanna.
Entre os diversos grupos da capital brasileira que participaram da celebração, o Correio acompanhou um deles, com mais de 20 peregrinos. Eles enfrentaram inúmeros desafios — incluindo um golpe de uma agência de peregrinação — para conseguir participar do Jubileu. O grupo contou com o auxílio da Comunidade Católica Obra de Maria para chegar a Roma.
* O repórter viajou a convite da Obra de Maria
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