Premiação reforça favoritismo de Demi Moore e redefine apostas na reta final
Por Ricardo Daehn via Correio Braziliense
Cada vez mais perto da linha de decisão, o Oscar teve mais um termômetro que ajudou a definir apostas para a premiação tão esperada pelos brasileiros.
Mesmo fora da disputa do SAG (Screen Actors Guilde), a atriz brasileira Fernanda Torres viu as chances de vitória da estatueta dourada (pelo desempenho em Ainda estou aqui) mais enfraquecidas, uma vez que a concorrente direta dela — Demi Moore (de A substância) — saiu laureada com o SAG de melhor atriz, junto com combo anterior que incluiu o Critics Choice e o Globo de Ouro de melhor atriz (em musical ou comédia, segmento bem discutível).
Demi Moore estar na cabeceira da confraternização do Oscar não traria grande estranheza: ela é uma antiga garota de ouro da indústria hollywoodiana (com amplo efeito de bilheteria nos anos de 1990, vide sucessos como Ghost e Homens de honra) e está num terror que diz muito sobre a beleza — elemento de base para muitos filmes.
Além disso, há o drama pessoal junto ao ex-marido Bruce Willis (adoentado e com que nutre ampla relação afetiva). E mais, com A substância, ela crava um retorno — fator que traz o gatilho de muitos votantes da Academia: vide premiações como as de Renée Zellweger, Hilary Swank, Shirley Booth, Helen Mirren e Elizabeth Taylor, além de, mais recentemente, as dos atores Ke Huy Quan e Brendan Fraser.
Fernanda Torres, além do Globo de Ouro de atriz em drama (todas as outras concorrentes se alinham a gêneros desfavorecidos em premiações: musical, terror e uma comédia romântica, com fundo de drama), traz uma participação em filme internacional — dado progressivamente valorizado pelos quase 10 mil votantes do Oscar. Há o oportunismo da lacuna de 17 anos sem uma atriz central vitoriosa por papel não falado em inglês (a última foi Marion Cotillard, por Piaf — Hino ao amor). Tudo isso coroado pelo passado injustiçado da mãe, Fernanda Montenegro (selecionada ao Oscar, por Central do Brasil).
Entre as 19 classes de profissionais que votam no Oscar (em pleito encerrado no último dia 18), a maioria (quase 13%) é de atores. Nisso, há cada vez mais encorajamento de diversidade na composição dos eleitores — traço que favorece o olhar sobre Fernanda Torres, com maior número de votantes apartados da rotina e comprometimento hollywoodianos. Ainda dentro do âmbito do SAG, a vitória de Timothée Chalamet (na pele de Bob Dylan, em Um completo desconhecido) balança o favoritismo de Adrien Brody (virtual vencedor por O brutalista). O SAG trouxe chancela para as vitórias dos coadjuvantes Kieran Culkin (A verdadeira dor) e Zoe Saldaña (Emilia Pérez). Com potente corpo de votantes no Oscar, os definidores do SAG ainda endossaram o impulso do longa Conclave — com notável potencial para vencer como melhor filme.
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