

Maria Vilma, servidora aposentada do TJ-GO, sofreu traumatismo craniano após agressão; filha cria uma vaquinha para trazer o corpo de volta para o Brasil
Por Amanda S. Feitoza - Correio Braziliense
A brasileira Maria Vilma das Dores Cascalho da Silva, de 69 anos, servidora aposentada do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), morreu após ser atacada por um homem em situação de rua em Buenos Aires, na Argentina.
Segundo a filha, que concedeu entrevista exclusiva ao Correio, Maria Vilma foi empurrada por um homem com transtornos psiquiátricos enquanto caminhava por uma região que frequentava rotineiramente. A queda causou um traumatismo craniano fatal.
A filha da vítima, Carolina Bizinoto, estudante de medicina na capital argentina, contou que a mãe havia saído na quinta-feira (6/11) para buscar um valor referente ao pagamento do aluguel. “Eu estava estudando para uma prova e não pude acompanhá-la. Era um trajeto que ela conhecia muito bem, sempre fazia o mesmo caminho”, relatou.
Durante o percurso, Maria Vilma foi atacada de forma repentina. “Uma pessoa com doença psiquiátrica, empurrou minha mãe. Ela caiu, bateu a cabeça e sofreu um traumatismo craniano”, disse Carolina.

Maria Vilma ainda foi socorrida com vida. “O policial que atendeu o caso me mandou mensagem avisando que estava no hospital com ela. Quando cheguei, ela já estava inconsciente. Teve muito sangramento e, da madrugada de quinta para sexta, ela veio a falecer”, contou a filha.
A polícia argentina inicialmente registrou o caso como tentativa de homicídio, mas com a morte confirmada, a investigação passou a ser tratada como homicídio. Desde então, a família enfrenta uma batalha burocrática para conseguir liberar o corpo e levar Maria Vilma de volta para Goiânia. Segundo Carolina, o hospital não pôde emitir o atestado de óbito por se tratar de uma morte violenta, e o corpo foi encaminhado à Morgue Judicial, equivalente ao Instituto Médico Legal (IML) brasileiro.
O problema, segundo a filha, é que a autópsia não foi realizada de imediato, o que impediu qualquer avanço nos trâmites legais. “Mandaram o corpo para a morgue na sexta-feira e não fizeram a autópsia. Disseram que precisava de um perito, mas ele não foi no final de semana. Isso travou tudo”, desabafou.

Carolina explicou que a família só conseguiu informações concretas após buscar pessoalmente respostas em diferentes órgãos argentinos. “Fica um jogando para o outro. A polícia diz que é com a fiscalia (como o Ministério Público) e a fiscalia diz que é com a comissaria (delegacia). Se não sou eu, minha prima e minhas amigas indo atrás, a gente não teria informação nenhuma”, relatou.
A filha contou que o Consulado do Brasil em Buenos Aires tem prestado apoio e orientações sobre o trâmite burocrático. “Eles estão nos ajudando com a parte legal, mas a situação é muito lenta. Ontem fomos ao consulado e à delegacia, e nos informaram que a autópsia será feita na quarta-feira. Estamos torcendo para que seja liberado o corpo logo”, disse.
Enquanto aguarda o laudo e a autorização das autoridades argentinas, a família iniciou uma vaquinha virtual para arcar com os custos do translado do corpo ao Brasil. “Eu faço absoluta questão de levar minha mãe para um enterro digno em Goiânia”, afirmou Carolina.
Maria Vilma costumava dividir seu tempo entre Goiânia e Buenos Aires, onde acompanhava a filha nos estudos. “Ela ficava seis meses no Brasil e seis meses aqui comigo. Sempre vinha para me dar apoio, era minha companheira em tudo”, contou Carolina.
A família aguarda que o responsável pelo crime seja identificado e punido pelas autoridades argentinas. “Eu só quero justiça e que minha mãe volte para casa”, concluiu a filha.

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