

Baseada em Alyne Bento, ex-esposa do assassino dos pais de Suzane von Richthofen, a personagem da série do Prime Video retrata um amor nascido na prisão e movido por desejo, fetiche e controvérsia
Por Bianca Lucca - Correio Braziliense
A série Tremembé, do Prime Video, tem conquistado os brasileiros com as histórias de criminosos notórios do país na “prisão dos famosos” — tanto que se tornou a produção de maior audiência da plataforma de streaming. Os episódios transitam entre narrativas de nomes como Suzane von Richthofen, os irmãos Cravinhos, Elize Matsunaga e Alexandre Nardoni.
Um dos enredos é o romance entre Daniel Cravinhos e Celina, uma jovem que se apaixona por ele dentro do presídio. Filha de uma agente penitenciária, ela conhece o criminoso durante uma visita ao irmão e, ao ser flagrada pela mãe, tenta explicar o envolvimento afirmando ter “fetiche em presidiário”.
A personagem é inspirada em Alyne Bento, ex-esposa de Cravinhos. Em entrevista ao jornalista Ulisses Campbell, autor do livro Suzane: Assassina e Manipuladora, Alyne contou que o relacionamento começou em 2011, quando foi visitar um parente na prisão. O casamento aconteceu em 2014. “Foi amor à primeira vista, algo arrebatador”, disse.
Durante o tempo em que ficaram juntos, Daniel chegou a adotar o sobrenome da mulher. Questionada sobre o que a motivou a se envolver com um detento, ela resumiu em uma palavra: “Fetiche”.
Em relatos a Campbell, Alyne descreveu Cravinhos como um homem carinhoso e dedicado. “O Daniel é a pessoa mais afetuosa do mundo. Às vezes, acordava no meio da noite com ele me cobrindo de beijos”, recordou. A relação, no entanto, enfrentou forte resistência social. Ela afirmou que o casal chegou a ser expulso de um restaurante durante a lua de mel. “Sabia que pagaria esse preço”, contou. A convivência se tornou ainda mais difícil após a libertação de Daniel: “Ele tem fome de liberdade. É muito assediado por mulheres.”
O casamento terminou em 2022, por decisão de Daniel. “A relação esfriou e ele resolveu terminar tudo. Aí ele conheceu outra pessoa”, disse Alyne, garantindo que “jamais” voltaria a se envolver com outro preso.
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Depois da separação, Daniel viveu um relacionamento com Andressa Rodrigues, com quem teve um filho. O casal se separou em novembro de 2024. Pouco depois, ele se casou novamente, desta vez com Carolina Andrade, em janeiro de 2025.
Ao comentar a repercussão da série, Carolina se pronunciou nas redes sociais para negar ser a inspiração da personagem Celina: “Não, eu não sou a Celina. É um nome fictício, de uma ex-esposa do Daniel. Uma menina super bacana, educada, bem estudada, gente boa, 10 de 10. As pessoas precisam entender que, por mais que seja baseada em fatos reais, é também uma obra de ficção.”
Embora a declaração de Celina possa ter chocado o público, a preferência por presidiários não é tão incomum. O reality show norte-americano Amor Atrás das Grades, disponível na HBO Max, retrata relacionamentos entre detentos e pessoas em liberdade. Alguns dos participantes só namoram condenados, como uma mulher na segunda temporada que declara: “Eu nunca namorei um cara com a ficha limpa.”
Mulheres que nutrem relações com presidiários têm até um nome no Brasil: cunhadas. O apelido vem do dialeto prisional, onde os homens se consideram “irmãos” uns dos outros e se referem às suas parceiras como “cunhadas”. Muitas delas compartilham suas experiências e rotinas nas redes sociais, mostrando desde o preparo das comidas levadas aos parceiros até as visitas. A hashtag “mulher de preso” acumula milhares de vídeos on-line. As roupas usadas pelas mulheres durante as visitas penitenciárias são limitadas, e algumas lojas até se especializam para tal venda.

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