

De ícones da cultura, do jornalismo e da música a tragédias que comoveram o país, o ano de 2025 foi atravessado por despedidas
Por Giovanna Sfalsin - Correio Braziliense
O ano de 2025 foi marcado por despedidas no Brasil e no mundo. Entre tantos, há nomes que ajudaram a construir a história da cultura, da comunicação, da música, do esporte e do pensamento contemporâneo.
O jornalismo perdeu Léo Batista, a música se despediu de Preta Gil, Arlindo Cruz e Lô Borges, as artes deram adeus a Sebastião Salgado, Cacá Diegues e David Lynch, e o mundo acompanhou a morte do papa Francisco. Além das figuras públicas, tragédias envolvendo pessoas anônimas também mobilizaram o país.
Confira as personalidades que nos deixaram em 2025:

O jornalista Léo Batista morreu aos 92 anos, em 19 de janeiro. Ele estava internado desde 6 de janeiro em um hospital no Rio de Janeiro, onde foi diagnosticado com um câncer de pâncreas.
Ícone da cobertura esportiva, Léo marcou a história da TV Globo desde a Copa do Mundo de 1970 e esteve à frente de programas como Jornal Hoje e Globo Esporte, além de apresentar o primeiro programa esportivo diário da emissora, o Copa Brasil. Antes da televisão, já havia entrado para a história ao noticiar, em primeira mão, o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, na Rádio Globo.
Luis Fernando Veríssimo

O escritor e cronista Luis Fernando Veríssimo, morreu aos 88 anos, em 30 de agosto. Dono de um humor afiado e observador, Veríssimo traduziu o cotidiano brasileiro em crônicas, tornando-se referência literária e jornalística. O gaúcho é conhecido por obras como O Analista de Bagé, Comédia da Vida Privada e Clube dos Anjos.
Ele estava internado em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre (RS), após princípio de pneumonia. Ele também enfrentava sequelas de um acidente vascular cerebral (AVC) sofrido em 2021.

A morte de Preta Gil, aos 50 anos, em julho, comoveu o país. Cantora, empresária e símbolo de representatividade, ela travou uma luta pública contra o câncer, compartilhando momentos de dor, esperança e resistência. Preta é filha de Gilberto Gil com Sandra Gadelha. Em 2023, foi diagnosticada com um câncer no intestino depois de ter descoberto um tumor no reto durante exames.
Ela passou por sessões de quimioterapia e, em agosto, foi submetida a uma cirurgia para a retirada do tumor, onde também removeu o útero para evitar metástase. Em dezembro do mesmo ano, celebrou o fim do tratamento e o término da reconstrução do trato intestinal. Mas precisou retomar o tratamento em agosto de 2024, depois de descobrir a existência de novos tumores em quatro locais: dois nos linfonodos, um no ureter e metástase no peritônio, se submetendo a nova quimioterapia.

Também em julho, o samba perdeu Arlindo Cruz, aos 66 anos. Autor de clássicos como Meu Lugar e O Show Tem que Continuar, Arlindo era considerado um dos maiores compositores do gênero. Desde o AVC hemorrágico sofrido em 2017, enfrentava graves sequelas e diversas internações.
Arlindo Cruz foi um dos principais nomes da música brasileira. Foi indicado ao Grammy quatro vezes, entre 2008 e 2016.

Em novembro, morreu Lô Borges, um dos fundadores do Clube da Esquina, aos 73 anos. Mineiro, sensível e inovador, ele ajudou a redefinir a MPB com melodias suaves e letras poéticas que se tornaram patrimônio cultural, além de parte essencial da identidade musical mineira.
O artista estava internado desde 17 de outubro no Hospital Unimed, em Belo Horizonte, tratando de um quadro de intoxicação medicamentosa. Nascido Salomão Borges Filho, em Belo Horizonte, em 10 de janeiro de 1952, o cantor cresceu em uma família cercada por música. Era o sexto dos 11 filhos do casal Maricote e Salomão Borges, e irmão dos também músicos Márcio, Marilton e Telo Borges.

Angela Ro Ro se despediu aos 75 anos. Dona de uma voz rouca inconfundível, motivo pelo qual recebeu o apelido, e de uma obra marcada pela intensidade emocional, a artista estava internada desde junho no Hospital Silvestre, no Rio de Janeiro, tratando uma infecção pulmonar grave.
Nascida em 5 de dezembro de 1949, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Antes de lançar o primeiro disco, morando na Inglaterra, Angela cantava em pubs londrinos. O disco de estreia dela em 1979 trouxe canções como Gota de sangue, Agito e uso, Não há cabeça e Amor, meu grande amor.

Morreu em 17 de novembro, Jards Macalé, aos 82 anos, músico inquieto e transgressor, figura-chave da música brasileira desde os anos 1960, após sofrer uma parada cardíaca. O artista tinha 82 anos e estava internado em um hospital na Barra da Tijuca, na Zona Sudoeste do Rio de Janeiro, onde tratava um enfisema pulmonar.

O cineasta Cacá Diegues morreu em 14 de fevereiro, aos 84 anos, no Rio de Janeiro, após complicações causadas por uma cirurgia.
Cacá Diegues é considerado um dos maiores nomes do cinema brasileiro de todos os tempos. Imortal da Academia Brasileira de Letras desde 2013, ocupava a cadeira número 7.
Deixou uma filmografia marcada pelo equilíbrio entre popularidade e profundidade artística ao abordar temas sociais e culturais com sensibilidade. Durante a ditadura militar, viveu no exílio, mas se manteve sempre ativo no debate sobre política, cultura e cinema.

Já Jean-Claude Bernardet, se foi aos 88 anos, como um dos maiores pensadores do audiovisual no país, influenciando gerações como crítico, professor, roteirista e ator. Ele estava internado no Hospital Samaritano, em São Paulo, e convivia com HIV, uma degeneração ocular que comprometeu sua visão e um câncer reincidente na próstata, que decidiu não tratar com quimioterapia.

No campo internacional, a morte do cineasta David Lynch, aos 78 anos, encerrou a trajetória de um dos diretores mais influentes do cinema contemporâneo. Conhecido por obras surrealistas e perturbadoras como Twin Peaks e Cidade dos Sonhos, ele recebeu quatro indicações ao Oscar ao longo da carreira.
A causa da morte foram complicações de um enfisema pulmonar que havia sido diagnosticado em 2024. O cineasta fumava desde os 8 anos. A doença o impediu de continuar a dirigir produções presencialmente.

A arqueóloga Niède Guidon morreu em 4 de junho, aos 92 anos. Reconhecida internacionalmente, a pesquisadora dedicou a vida ao estudo da região do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, onde liderou escavações que mudaram o entendimento sobre a presença humana nas Américas. A arqueóloga foi pioneira ao defender que o povoamento do continente americano teria ocorrido há mais de 50 mil anos — muito antes do que se acreditava até então.
Niède fundou a Fundação Museu do Homem Americano e foi responsável por transformar a região da Serra da Capivara de São Raimundo Nonato em um dos mais relevantes sítios arqueológicos do mundo.

O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado morreu aos 81 anos, em 23 de maio, em Paris. O artista enfrentava problemas de saúde decorrentes de malária, que contraiu nos anos 1990. Economista de formação, Salgado se tornou fotógrafo nos anos 1970 e logo ganhou projeção internacional. Percorreu mais de 120 países registrando refugiados, vítimas da fome, do trabalho escravo e da guerra.
Com Lélia, sua companheira de vida, também liderou projetos de reflorestamento na região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, onde fundaram o Instituto Terra, uma das maiores referências em recuperação ambiental do Brasil. Premiado e celebrado nos quatro cantos do mundo, Sebastião Salgado não registrava apenas imagens. Ele provocava reflexão.

Na dramaturgia, a morte do ator Francisco Cuoco em 19 de junho, aos 91 anos, encerrou a trajetória de um dos maiores galãs da televisão brasileira. O artista estava internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo. Ele estava sedado e sofria complicações de saúde causadas por um ferimento infeccionado. A causa da morte foi falência múltipla dos órgãos.
A morte do papa Francisco, aos 88 anos, em abril, teve repercussão global. Primeiro pontífice latino-americano, ele marcou seu papado pela defesa dos pobres, pelo discurso de acolhimento e por posicionamentos firmes sobre justiça social e meio ambiente.

No esporte, a tragédia que causou a morte do atacante português Diogo Jota, do Liverpool, aos 28 anos, em um acidente de carro na Espanha, que também vitimou seu irmão André. O acidente ocorreu poucos dias após o casamento do jogador.

O rock perdeu um de seus maiores símbolos com a morte de Ozzy Osbourne, aos 76 anos. O “Príncipe das Trevas” lutava contra o Parkinson e morreu semanas após um show de despedida com o Black Sabbath.

O jovem influenciador de direita Charlie Kirk, um importante aliado do presidente americano, Donald Trump, morreu em 10 de setembro, ao ser baleado em um evento público em uma universidade dos Estados Unidos, aos 31 anos. Kirk chegou a ser levado ao hospital por seguranças particulares e passou por uma cirurgia, mas acabou não resistindo ao grave ferimento na altura do pescoço.

Considerado um dos maiores entendedores do carnaval e da cultura afro-brasileira, o ator, diretor e comentarista de carnaval Haroldo Costa morreu aos 95 anos, neste mês de dezembro, no Rio de Janeiro.
Haroldo enfrentava problemas de saúde por conta da idade avançada e passou por internações recentes. Carioca da Piedade, começou a trabalhar na Rede Globo como diretor de musicais. Ali desenvolveu a carreira de ator, que começara no antigo Teatro Experimental do Negro, fundado por Abdias do Nascimento.

A atriz Michelle Trachtenberg, conhecida pelo trabalho na série Gossip Girl — A Garota do Blog, morreu em 26 de fevereiro, aos 39 anos. A artista foi encontrada morta em um complexo de apartamentos luxuosos em Nova York. Tranchtenberg passou recentemente por um transplante de fígado e pode ter tido complicações, segundo o canal americano ABC News. Acredita-se que Michelle veio a falecer por causas naturais.

Nem todas as perdas que marcaram 2025 vieram do mundo das celebridades. A morte da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, durante uma trilha na Indonésia, também repercutiu e chocou o país.
A jovem caiu na trilha do vulcão Rinjani, na Indonésia, em 20 de junho e aguardava resgate desde então. Natural de Niterói, no Rio de Janeiro, ela era publicitária e estava viajando pela Ásia desde fevereiro.
O monte Rinjani, onde Juliana fazia a trilha, tem 3.726 metros de altura e é o segundo maior vulcão da Indonésia. Na segunda-feira (23/6), equipes de resgate localizaram Juliana com o auxílio de drones em um penhasco rochoso a uma profundidade de 500 metros.
O escritor, poeta, ensaísta e acadêmico Affonso Romano de Sant’Anna morreu em 4 de março de 2025, aos 87 anos, em sua casa no Rio de Janeiro, após sofrer com Alzheimer nos últimos anos de vida. Natural de Belo Horizonte, ele publicou mais de 60 livros ao longo de seis décadas, foi cronista de grandes jornais brasileiros e presidiu a Fundação Biblioteca Nacional, onde implementou importantes programas de incentivo à leitura.
O médium e orador espírita Divaldo Pereira Franco faleceu no dia 13 de maio deste ano, aos 97 anos, em Salvador, devido a complicações respiratórias. Considerado um dos maiores divulgadores do espiritismo no Brasil, Divaldo publicou mais de 250 livros psicografados e percorreu o mundo em palestras e trabalhos sociais que influenciaram milhões de seguidores.
O músico, compositor e sambista brasileiro Ubirajara Félix do Nascimento, conhecido como Bira Presidente, morreu em 14 de junho, aos 88 anos, no Rio de Janeiro, em decorrência de complicações do câncer de próstata e Alzheimer. Figura emblemática do samba, ele foi um dos fundadores do bloco carnavalesco Cacique de Ramos e do grupo Fundo de Quintal, influenciando gerações com sua forma inovadora de tocar pandeiro e sua contribuição cultural ao samba brasileiro.
A atriz e comediante polonesa naturalizada brasileira morreu em 28 de setembro de 2025, aos 99 anos, no Rio de Janeiro. Com mais de sete décadas de carreira na televisão e no humor, Berta ficou conhecida por personagens marcantes em programas como Escolinha do Professor Raimundo, além de trabalhos em humorísticos como Faça Humor, Não Faça Guerra e Zorra Total, sendo lembrada por seu talento e longevidade artística.
Diane Keaton foi uma das atrizes mais celebradas de Hollywood, vencedora do Oscar de Melhor Atriz por Noivo Neurótico, Noiva Nervosa em 1977 e conhecida por papéis clássicos em filmes como O Poderoso Chefão e comédias românticas marcantes ao longo de mais de cinco décadas. Ela faleceu em 11 de outubro, aos 79 anos, na Califórnia, vítima de pneumonia, deixando dois filhos adotivos e um legado cinematográfico influente no cinema americano.
O cantor e compositor jamaicano Jimmy Cliff morreu em 24 de novembro, aos 81 anos, após uma convulsão seguida de pneumonia. Cliff foi um dos nomes mais importantes do reggae mundial, conhecido por canções como The Harder They Come e Reggae Night, cuja música ajudou a popularizar o gênero globalmente e influenciar artistas em todo o mundo.
O ator norte-americano Gene Hackman, vencedor de dois Oscars e uma das vozes mais marcantes de Hollywood, foi encontrado morto em sua casa em Santa Fé, Novo México, em 26 de fevereiro de 2025, aos 95 anos. Ele e sua esposa, a pianista Betsy Arakawa, foram achados sem vida pelo gabinete do xerife, sem sinais de crime, e autópsias sugerem que Hackman morreu de doença cardíaca grave agravada por Alzheimer, poucos dias após sua esposa falecer de síndrome pulmonar por hantavírus. Hackman construiu uma carreira de mais de seis décadas em cinema, televisão e teatro, com papéis icônicos em filmes como Operação França e Os Imperdoáveis, além de atividades como escritor e artista visual.
O cineasta brasileiro Carlos José “Cacá” Diegues, um dos fundadores do movimento Cinema Novo e diretor de clássicos como Xica da Silva (1976) e Bye Bye Brasil (1980), morreu no Rio de Janeiro em 14 de fevereiro de 2025, aos 84 anos, em decorrência de complicações durante uma cirurgia. Membro da Academia Brasileira de Letras desde 2018, Diegues foi um dos nomes mais influentes do cinema nacional, abordando temas sociais e culturais com sensibilidade e criatividade e deixando um legado duradouro na história do cinema brasileiro.
O compositor, arranjador e multi-instrumentista brasileiro Hermeto Pascoal faleceu aos 89 anos em 13 de setembro de 2025, no Rio de Janeiro. Conhecido como o “Bruxo da Música” por sua capacidade de transformar sons cotidianos em música e vencedor de três Grammy Latino, Pascoal foi uma das figuras mais inventivas da música instrumental brasileira, influenciando gerações de músicos e espalhando sua arte pelo mundo. Sua morte ocorreu cercado de familiares e companheiros de música, e sua obra permanece como um marco de experimentação e originalidade musical.
O estilista italiano Giorgio Armani, referência mundial em moda e fundador da casa de alta costura que leva seu nome, morreu em 4 de setembro em sua casa em Milão, aos 91 anos, após um período de saúde debilitada que o levou a faltar à Milan Fashion Week. Armani revolucionou a moda com um estilo de elegância discreta e contribuiu para consolidar a Itália como potência do vestuário de luxo, deixando um império global de estilo e sofisticação.
O ator, diretor e ativista Robert Redford morreu em 16 de setembro de 2025 aos 89 anos em sua casa em Sundance, Utah. Ícone de Hollywood, ele estrelou e dirigiu filmes clássicos como Butch Cassidy and the Sundance Kid, All the President’s Men e Ordinary People, e foi o fundador do Sundance Film Festival, que impulsionou o cinema independente internacional. Redford também se destacou por seu ativismo em causas ambientais e sociais, e sua carreira influenciou gerações de cineastas e públicos ao redor do mundo.
O jornalista e apresentador brasileiro Paulo Soares, conhecido como Amigão, morreu em 29 de setembro de 2025 aos 63 anos em São Paulo, após meses internado no Hospital Sírio-Libanês devido a problemas na coluna vertebral que evoluíram para falência múltipla de órgãos. Amigão era conhecido no jornalismo esportivo pelo carisma e pela conexão com o público, deixando lembranças marcantes entre colegas e fãs.

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