Por: Morillo Carvalho, editor Clube.FM
Imagine Michael Jackson. Tenho certeza de que a imagem que criou do astro é o dele usando a famosa jaqueta vermelha de couro, com pinos prateados. Agora pense em Madonna: certamente a imagem do icônico sutiã de cones está na sua mente. Seria capaz de reconhecer Chaplin sem sua cartola? E, bom, para sermos recentes: pense em Anitta. Sua imagem usando as laterais de uma calcinha por sobre o cós da calça está agora eternizada no Museu Madame Tussauds de Nova York. Não é à toa: na cultura pop, roupas significam expressão artística.
É por isso que o fato de Kim Kardashian ter danificado a famosa peça usada por Marilyn é tão agressivo quanto rasgar a Monalisa. Nesta terça-feira, a internet parou ao comentar o episódio, pois diversas imagens constatam os danos que a empresária provocou na peça. Ela o conseguiu emprestado do Museu Ripley’s Believe It or Not de Orlando, na Flórida, para usar no MET Gala 2022, no início de maio. A instituição concordou com o empréstimo após negociação em que a influenciadora, ao usar réplicas, provou estar em condições de usar o vestido. Só que não…
As imagens mostram que os glúteos de Kim, muito maiores que os de Marilyn, inviabilizavam o fechamento do vestido, e por isso ela teve de usar uma espécie de calçola da mesma cor, com o zíper aberto. O tecido aparece esgarçado e vários dos cristais parecem ter caído.
Marilyn era uma atriz imensamente bem sucedida para o seu tempo. Em 1962, quando do 45º aniversário do então presidente dos Estados Unidos, John Kennedy, ela subiu ao palco do Madison Square Garden, em Nova York, e cantou o famoso “Happy Birthday, Mr President” que daria à mídia americana a certeza de que ela e ele estariam tendo um caso. O motivo? A sensualidade da execução da música e… o icônico vestido:
Ainda hoje não há certeza sobre o caso dos dois. Há indícios de que ela se relacionava com o irmão de John, o Robert, mas certeza mesmo nenhum dos biógrafos dos dois pôde atestar.
O fato é que Marilyn usava, no episódio, um vestido concebido pelo figurinista Hollywood Bob Mackie e executado pelo estilista Jean-Louis. Comprado pela atriz por US$1440, o vestido foi costurado em seda e cravejado com mais de seis mil cristais. Até o passeio de Kardashian, nunca havia sido usado por mais ninguém, e estava conservado em cofre escuro do museu, para onde fora encaminhado após arremate num leilão, ao valor de US$4,8 milhões – e foi o segundo leilão pelo qual passou, sendo o primeiro em 1999 e tendo custado mais e US$1 milhão.
Kardashian, então, cruzou o tapete vermelho do MET Gala, usando a peça original, após uma dieta rigorosa para emagrecer sete quilos e caber na peça. Ao entrar no local do evento, o trocou por uma réplica, e disse:
“Sou extremamente respeitosa sobre o que o vestido significa para a história americana. Nunca arriscaria danificá-lo”
Não é o que parece, pelas fotos.
E a calçola, gente…
Claro que teve espaço de sobra para o humor na internet, né? Este internauta debochou da forma como Kim teria devolvido o vestido (o que não passa de fanfic, claro):
Este outro lembrou de um outro vestido icônico, o de Geisy Arruda – que, quando estudante universitária, sofreu um bullying coletivo gigantesco por estar usando o modelo rosa curto:
Se dá pra dar umas risadas com o meme, a frase que o acompanha é bem séria para o caso da peça de Marilyn: definitivamente, não é só um vestido.