Por Mariana Saraiva de Correio Braziliense*
O Maio Amarelo acende o alerta para as vítimas fatais e alto índice de acidentes de trânsito. De acordo com o Detran- DF, no Distrito Federal, de janeiro a abril de 2024, houve 57 ocorrências, que resultaram na morte de 57 pessoas. No mesmo período do ano passado, foram 63 acidentes e 69 vítimas mortas.
Ao comentar a redução nos números de casos de morte no trânsito, o diretor de Policiamento e Fiscalização do Detran-DF, Clever de Farias Silva, disse que a autarquia só vai comemorar quando não houver uma vítima. “A ideia é que seja zero vítima. Estamos fazendo reforço nas operações, mapeamos pontos de maior consumo de bebida e direção, aliada às ações educativas, feitas em escolas, bares, terminais de ônibus e faixas de pedestres”, conta. “Toda vez que aumenta a fiscalização, reduz o número de alcoolemia, quanto mais operações, mais as pessoas tomam consciência, porque veem o risco e sabem que o estado está presente”, conclui.
Giovanna Caires, 22 anos, sentiu na pele a dor de ver a prima Daniella entrar para essa estatística. Em 13 de novembro de 2016, a jovem de 19 anos se envolveu em um acidente de carro. Cheia de sonhos, Daniella iria prestar o vestibular de direito na Universidade de Brasília (UnB). Em um domingo chuvoso e sem conseguir pegar um ônibus para chegar ao local de prova, ela retornou para casa.
“Com medo de perder a prova, ela comentou sobre o problema com o namorado, então ele falou que viria buscá-la. Ele chegou junto com dois colegas. Porém, o padrasto dela insistiu em levá-los, para ser mais rápido, já que ele tinha mais experiência em carteira. Eles entraram no carro e seguiram, havia muitos carros na pista e a chuva era bem forte”, conta Giovanna.
A prima disse que, ao atravessar a ponte JK, o padrasto foi mudar de faixa, quando um carro o fechou rapidamente. Para não bater no carro, ele puxou o freio de mão, porém tinha óleo na pista, o que fez com que o carro deslizasse e girasse, colidindo o lado do passageiro (onde Daniella estava) contra um poste. “Ela bateu a cabeça com muita força”, recorda.
Doutor em segurança de trânsito, David Duarte Lima avalia o que pode ser feito para reduzir os números de óbitos no trânsito. Para ele, é preciso atuar principalmente em três frentes principais: com as vias, os veículos e os indivíduos que participam do trânsito, sejam eles condutores ou não. “Nas ruas, nós vemos muita falta de sinalização adequada, locais perigosos para a travessia de pedestres, falta de iluminação durante a noite. Nesses locais com incidência recorrente pode-se investigar problemas no local, que vai além do motorista. Sobre os veículos, hoje nós temos uma série de veículos que não têm a mínima condição e, mesmo assim, continuam nas ruas, eventualmente com falta de freio, pneu careca e uma série de problemas”, pontua. O especialista acredita que uma boa comunicação com todos que utilizam o trânsito é necessária para sensibilizar e educar todos.
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