

Série A não consagra campeão o time de melhor posse desde 2019. Com média de 62,4%, Flamengo tenta quebrar escrita na disputa ponto a ponto com o Palmeiras, um concorrente maleável na negociação do controle do jogo
Por Marcos Paulo Lima - Correio Braziliense
Quem tem a bola nos pés controla o jogo, aumenta a possibilidade de ganhar partidas e de colecionar troféus. Líder da Série A com dois pontos de vantagem sobre o Palmeiras, o Flamengo tenta provar na prática que a teoria do sucesso do Barcelona de Pep Guardiola e da Espanha de Luis Aragonés e Vicente del Bosque neste século não está ultrapassada.
O Campeonato Brasileiro não é conquistado pelo time com a melhor posse de bola desde 2019. Coincidentemente, Filipe Luís fazia parte dele. O Flamengo comandado por Jorge Jesus encerrou a campanha com média de 58,8% por exibição. O lateral-esquerdo virou técnico e aumentou a aposta. A equipe rubro-negra tem 62,4% sob a batuta dele. O Vasco aparece em segundo com 55,8% e o Bahia completa o pódio na casa dos 55,3%.
A 35ª rodada do Brasileirão começa hoje com Flamengo e Palmeiras trilhando caminhos distintos na polarização da disputa pelo título. Enquanto o time rubro-negro colocará a bola debaixo do braço no duelo de hoje contra o Red Bull Bragantino, às 21h30, no Maracanã, o alviverde é aberto a negociações no confronto marcado para o mesmo horário diante do Fluminense, no Allianz Parque, em São Paulo. A trupe do lusitano Abel Ferreira ocupa o sétimo lugar no ranking com 52,6% contra 53,3% da equipe do argentino Luis Zubeldía.
A diferença entre os candidatos ao título está no meio de campo. O Flamengo tem volantes e meias apegados à bola. O volante Jorginho é um controlador de jogo. Arrascaeta funciona como maestro no papel de arco e flecha. Suspensos por excesso de cartões, o chileno Erick Pulgar e o espanhol Saul Ñiguez têm o perfil de trabalhar a construção com paciência.
“Nós temos um time que está feito para ter a bola. E o grande forte do nosso time, a grande força desse Flamengo, são jogadores que não perdem a bola, que gostam de ficar com bola e, com volume, criam chances e essa imposição sobre o adversário”, disse Filipe Luís em maio depois do empate por 1 x 1 com o Central Córdoba na fase de grupos da Libertadores.
O duelo com o Red Bull Bragantino é perigoso porque o adversário também tem um jogador apegado à bola. Revelado pelo Palmeiras, o meia Jhon Jhon é o metrônomo no controle do jogo, no último passe, na bola parada. A conexão com Isidro Pita e Eduardo Sasha. Quando o time fica em dificuldade, a armação parte dos pés do zagueiro Pedro Henrique, muito eficiente nas bolas longas. O drible é a outra chave do jogo. Os dois times só ficam atrás do Bahia na média de fintas por partida. A do time rubro-negro é 8,6 contra 8,4 dos paulistas.
Abel Ferreira dá de ombros às críticas ao estilo camaleão. Uma delas partiu do técnico Rogério Ceni na vitória do Bahia em Salvador, depois de o adversário criticar a condição do gramado da Arena Fonte Nova. “Para o Palmeiras, é melhor gramado ruim porque só fazem ligação direta, quase”, alfinetou o ex-goleiro. “Não vale perder tempo. Entra em uma questão ética complicada”, blindou o gerente de futebol Anderson Barros.
“Para mim, posse de bola não ganha jogo.Os fatores de rendimentos são esses: remates à baliza, recuperações de bola, fazer cruzamentos de qualidade e competir.Nossa equipe tem isso, é inteligente, sabe jogar o que o jogo pede, tem margem para crescer. Para mim, Abel Ferreira, é isso. Não quero fazer posse de bola no meio de campo, posse de bola não ganha jogo”, afirmou o português, um dos seguidores dos conceitos de José Mourinho, a principal antítese aos conceitos de Pep Guardiola quando ambos polarizaram o Espanhol.
A bola longa foi trunfo do Palmeiras nos dois títulos do Brasileirão sob a batuta de Abel Ferreira nas edições de 2022 e de 2023. O time alviverde tem a segunda melhor média de acertos por partida (22,9%), atrás apenas do Corinthians (24,1%). O Palestra é segundo em cruzamentos e primeiro em chutes certos para tirar o Fluminense da zona de conforto.
O Palmeiras não contará hoje com um talento importante na retenção da bola, na construção do jogo e nas cobranças de faltas e escanteios. Andreas Pereira recebeu cartão vermelho no empate por 0 x 0 com o Vitória. Embalado pela vitória por 2 x 1 no clássico contra o Flamengo na quarta-feira, o Fluminense continua na disputa pelo acesso direto a Libertadores antes do início das semifinais da Copa do Brasil contra o Vasco.

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