O ator Pedro Cardoso recorreu às redes sociais para comentar a condenação do humorista Leo Lins, motivada por piadas de teor discriminatório, na última quinta-feira (5). O ator, conhecido pelo personagem Agostinho Carrara da série “A Grande Família”, se posicionou com firmeza contra o comediante e aproveitou para refletir sobre os rumos do stand-up comedy no Brasil, criticando o espaço que o gênero tem dado a discursos ofensivos e posturas autoritárias.
No início de sua publicação no Instagram, Pedro indicou a leitura de um artigo de Aquiles Argolo sobre racismo. Foi nesse contexto que, de forma breve, mencionou o nome de Leo Lins.
Em seu texto, o ator expressou preocupação com o uso político do humor no stand-up, afirmando que o formato acabou sendo apropriado por ideias autoritárias. “Não todos, mas tantos comediantes de stand-up se permitiram as mal-educações fascistas, que se pode dizer de uma generalidade com exceções. Comediantes com mensagens fascistas valeram-se do stand-up e disfarçaram de entretenimento teatral cômico o que era discurso político agressivo. Violentaram o teatro”, escreveu ele.
Pedro também abordou como esse tipo de conteúdo afeta tanto o campo artístico quanto a convivência social: “Pessoas de lados opostos fizeram o mesmo. Acirra-se, assim, a violência e a conversa pacífica é destruída, atendendo ao interesse dos autoritários. E o teatro, lugar da provocação pela dialética, é reduzido a palanque de agressores, originais ou reativos. Teatro sem personagem é uma doença do autoritarismo. O público hoje já tem dificuldade de rir de um personagem agressivo por receio de estar aprovando, com seu riso, o que seria a agressividade da pessoa que o representa. Confusão provocada por comediantes irresponsáveis”, analisou.
Ao concluir, o ator fez uma distinção entre liberdade artística e uso político da comédia, argumentando que o humor que abandona a ficção deve ser responsabilizado. “Não há crime em ato ficcional narrativo. Personagens são fantasmas imateriais. Mas quando o autor toma o lugar do personagem, o ato ficcional se torna disfarce onde se esconde um ato real. Questão de imensa sutileza. Criminalizaremos os versos misóginos do Funk? Nunca se quem os estiver dizendo for o personagem que canta. Mas devemos criminalizar a piada racista, ou a misoginia, quando o ato já não for ficcional, ainda que disfarçado de o ser.”
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