As cheias no Rio Grande do Sul despertam, cada vez mais, a empatia nos moradores do DF. Na Base Aérea de Brasília, o volume de donativos mostra o desejo de ajudar. E adversários históricos deixam as rixas de lado em favor do bem maior
Por Letícia Guedes e Caio Ramos* via Correio Braziliense
Brasília, a cada dia, amplia a mobilização e se empenha para ajudar a população do Rio Grande do Sul, que sofre com a tragédia da maior inundação de sua história.
Na hora da solidariedade, pessoas que em outras circunstâncias vivenciam o antagonismo, agora, estão de mãos dadas em favor do bem. Não há partido político nem religião nem time de futebol.
Na capital federal, apesar da histórica rivalidade entre Grêmio e Internacional, os presidentes dos grupos de torcedores locais se uniram e trabalham com as torcidas coletando donativos para seus conterrâneos e familiares.
Giscard Stephanou, coordenador regional do Consulado do Grêmio no DF, ligou para Camilla Beccon, que comanda o consulado colorado, para combinar uma ação conjunta entre as torcidas após receber a sugestão de um amigo que torce para a equipe rival.
Os grupos divulgaram em suas contas no Instagram maneiras de ajudar financeiramente a região. Depois, foram chamados pelo Senado para integrar o projeto Liga do Bem, com o qual têm coordenado a distribuição dos donativos.
O gremista e porto-alegrense afirma que a iniciativa das torcidas é inédita e foi tomada pela gravidade dos problemas, que “superam o tamanho de qualquer rivalidade”. Giscard diz que a arrecadação de agasalhos é a principal preocupação, com a aproximação do inverno que, no estado gaúcho, é bastante rigoroso.
“O Rio Grande do Sul está esfriando. Algumas cidades alcançaram a marca de 10ºC, então, os agasalhos são a nossa prioridade. Já fizemos a primeira entrega na Base Aérea na última terça-feira. Foram 5,5 mil cobertores — 500 a mais do que a nossa meta inicial. Agora, vamos continuar para conseguir mais água potável e alimentos para os que precisam”, antecipa o cônsul do Grêmio.
“Juntos temos uma capacidade muito maior do que se cada consulado estivesse sozinho, tanto que a repercussão da união entre as torcidas vem sendo muito positiva. Muita gente de fora do RS acaba doando, por ver que a causa é maior do que a disputa GreNal”, enfatiza a consulesa do Internacional.
“As doações (de todo o país) estão começando a chegar, principalmente na região metropolitana de Porto Alegre, e estão ajudando muito. Para o interior, ainda está bem complicada a logística pela falta de estradas disponíveis. É importante continuar doando para poder espalhar para todo o estado”, prossegue Camilla, nascida em Santiago, a 443km da capital do estado.
Torcedores do Criciúma, do Avaí e do Figueirense, times de Santa Catarina, também estão contribuindo com a iniciativa.
Sem sedes, os consulados de Grêmio e Internacional não têm locais fixos para reunir os donativos e, por isso, pedem que sejam entregues nos pontos de recolhimento da Liga do Bem.
*Com Henrique Sucena, estagiário sob a supervisão de Malcia Afonso
© ClubeFM 2021 - Todos os direitos reservados