

Ingestão de proteína por parte de pets como cachorros e gatos é cada vez mais comum, mas pode gerar prejuízos à saúde, ressalta especialista
Por Gabriel Botelho - Correio Braziliense
Usado nas academias e na musculação, os suplementos alimentares proteicos são, também, presença cada vez maior no contexto dos pets. A tendência é fruto da forte procura dos tutores por dietas compostas por ingredientes funcionais. Apesar disso, o consumo por parte dos animais tem restrições, e se diferencia em diversos aspectos do produto vendido para pessoas.
De 2023 para 2024, a busca por suplementos proteicos registrou aumento de 20% para cães e 9% para gatos, segundo dados apresentados durante a primeira edição do Petfood Forum Brasil, ocorreu dentro da feira PET South America, em São Paulo, em agosto deste ano.
Ainda que a procura tenha aumentado, as suplementações proteicas ligam um sinal de alerta. Afinal, o whey protein oferecido para humanos se diferencia das substâncias que podem ser ingeridas por animais.
Em entrevista ao Correio, Kássia Vieira, médica veterinária, doutora em Saúde Animal e Professora de Comportamento e Bem-estar animal do curso de Medicina Veterinária na Universidade Católica de Brasília ressalta que o suplemento proteico normalmente produzido para consumo humano é impróprio para os animaizinhos. Pode, inclusive, causar sérios prejuízos.
De acordo com a especialista, até mesmo um suplemento compatível com o organismo dos bichos não é presença necessária na dieta. Ela ressalta que a característica responsável pela incompatibilidade é justamente a presença das proteínas do leite.
“Em decorrência da diferença de metabolização, os cães e os gatos não têm tolerância para consumo da lactose. Eles não digerem bem esse tipo de conteúdo”, explicou. “Rações comerciais já têm a quantidade de suplementação necessária. Na parte de trás das embalagens, todas possuem a quantidade, em gramas, que cada animal precisa comer, de acordo com o peso. Esse dieta é o suficiente”, completou.
A especialista explica que a suplementação feita para os animais, sem a presença de lácteos, só é indicada em situações específicas, em que a ideia seria “usar a proteína isolada, e não o whey protein, que tem leite”. Exemplos seriam cachorros e gatos já idosos, que apresentam dificuldade para se alimentar, ou em casos de doenças crônicas e desnutrição.
“Uma suplementação proteica em animais seria usada de outras formas, de uma maneira mais específica, e não com whey. A ideia não é fornecer massa muscular, mas, sim, de ajudar com a alimentação”, explicou.
Portanto, o que predominaria, de acordo com ela, seriam os malefícios. A ingestão de whey convencional ocasionaria na sobrecarga dos rins e do fígado. Este cenário, poderia, inclusive, acarretar doenças. “É uma contraindicação mesmo. Até mesmo a versão do whey para eles, por isso, não é algo muito necessário”, garante.

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