Nesta quarta-feira (8), a Polícia Civil do Piauí confirmou a prisão do suspeito de envenenar com chumbinho o arroz consumido por ele e pela própria família último dia 1º, que causou o óbito de quatro pessoas. O homem preso é Francisco de Assis Pereira da Costa, padrasto de Francisca Maria da Silva, uma das vítimas. Segundo as autoridades, ele tinha nojo e muita raiva da enteada e também dos filhos dela.
Francisco chegou a ser hospitalizado após ter tido contato com o arroz envenenado com chumbinho, mas logo recebeu alta. Por conta disso, os investigadores acreditam que ele não chegou a ingerir a comida, apenas a colocou no prato para fingir que o faria. De acordo com a Polícia, o que teria chamado a atenção para o suspeito é a forma como ele se referia à enteada e também às crianças durante o depoimento. “Ele revelou, bem como as enteadas, que o relacionamento entre eles era conturbado, para dizer o mínimo. Ele não falava com nenhum dos filhos da esposa e tinha um sentimento de ódio específico em relação à Francisca Maria, mãe das crianças”, contou o delegado Abimael Silva, responsável pelo caso.
“Esse sentimento de ódio era tão grande que mesmo com ela no leito da morte, ele não conseguia esconder isso no depoimento dele. Ele disse que quando olhava para ela sentia nojo e raiva. Isso são palavras dele no depoimento dele”, continuou o responsável pela investigação. Ainda segundo Abimael Silva, a raiva de Francisco também se estendia aos filhos da enteada. “Chamava-os de ‘primatas’, pessoas não higiênicas, pessoas que ele não queria conviver, mas suportava“, disse o delegado.
“Ele chegou a falar para a esposa: ‘essa tua filha não procura um homem que trabalhe, só procura vagabundo’, e manifestou várias vezes o desejo de que ela saísse de casa. Ele disse que uma vez ela alugou uma casa, onde foi morar com os filhos, e isso deu um pouco de ‘alívio'”, contou Abimael Silva. Apesar disso, as autoridades explicaram que a investigação continua em aberto. “Não estamos dizendo que ele é o culpado, que ele cometeu o crime. É provável que ele seja, mas não se deve antecipar o julgamento”, frisou.
A família preparou o baião de dois na noite do último dia 31 de dezembro para comemorar a chegada do novo ano e o ingeriu, mas só começou a passar mal no dia seguinte, quando comeu o que restou da ceia. Ao todo, nove pessoas foram hospitalizadas, incluindo Francisco de Assis Pereira da Costa, e quatro pessoas morreram. Dentre os óbitos estão Manoel Leandro da Silva (18), enteado do suspeito, Francisca Maria da Silva (32), também enteada, Igno Davi da Silva (1 ano e 8 meses), filho de Francisca, e Lauane da Silva (3), filha de Francisca. Uma menina de 4 anos, também filha da vítima, segue internada em Teresina e outras três pessoas já receberam alta.
A substância encontrada no baião de dois envenenado é conhecida como “terbufós”, que é utilizada como inseticida e também na composição do chumbinho. De acordo com o diretor do Instituto de Medicina Legal (IML), Antônio Nunes, a substância tóxica foi misturada em grande quantidade ao alimento. “Estava em todo o arroz, em grânulos visíveis”, contou.
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